Estudos de universidades chinesas indicam que duas doses da CoronaVac protegem contra a variante Ômicron
Duas doses da vacina CoronaVac são capazes de neutralizar a variante Ômicron da Covid-19, indicam estudos feitos por pesquisadores de quatro universidades chinesas: Universidade Fudan e da Universidade de Medicina Tracional Chinesa, em Xangai, da Universidade Jinan, em Guangdong, e da Universidade de Hong Kong e publicados na revista científica Emerging Microbes and Infections. A primeira pesquisa foi sobre a efetividade da CoronaVac; os outros três, sobre o da infecção natural com a cepa original do coronavírus. Para realizar a análise, os pesquisadores produziram partículas parecidas com o vírus que continham a proteína spike (também conhecida como proteína S) de sete variantes identificadas pela OMS, Alfa, Beta, Gama, Delta, Lambda, Mu e Ômicron. Os pseudovírus foram utilizados em razão de uma manipulação mais segura em laboratório, e continham fragmentos de DNA da célula humana infectada pelo SARS-CoV-2, sem os componentes genéticos do vírus. Em seguida, os cientistas avaliaram a sensibilidade das variantes aos anticorpos gerados por infecções anteriores pelo vírus e aos gerados pela CoronaVac.
Nas amostras de 16 pessoas que tiveram infecções com a cepa original do vírus, observou-se uma redução de 10,5 vezes da neutralização contra a variante Ômicron, 2,2 vezes contra a Alfa, 5,4 vezes contra a Beta, 4,8 vezes contra a Gama, 2,6 vezes contra a Delta, 1,9 vez contra a Lambda e 7,5 vezes contra a variante Mu. Entre 20 amostras de pessoas que foram vacinadas com a CoronaVac entre maio e junho de 2021, a redução de neutralização foi de 12,5 vezes em relação à variante Ômicron, de 2,9 vezes contra a Alfa, 5,5 vezes contra a Beta, 4,3 vezes contra a Gama, 3,4 vezes contra a Delta, 3,2 vezes contra a Lambda e 6,4 vezes contra a variante Mu. Apesar da queda na efetividade, ainda é possível detectar que houve uma proteção com as neutralizações. O número é melhor do que as reduções observadas na vacina da Pfizer em outros estudos, nos quais foi detectada uma redução de 22 a 180 vezes, que os autores chineses admitem que pode ter ocorrido pelo tamanho das amostras. As vacinas de RNA mensageiro, como a Pfizer, utilizam ‘pedaços’ da proteína spike para serem produzidas, o que pode torná-las menos efetivas em casos de mutações significativas nela; já a CoronaVac utiliza a tecnologia do vírus inativado, mais antiga, mas que utiliza ‘partes’ do genoma de todo o vírus.