PT apaga nota de apoio ao ditador Daniel Ortega da Nicarágua

Após se tornar alvo de críticas nas redes sociais, o PT apagou a nota divulgada em sua página que celebrava a reeleição de Daniel Ortega na Nicarágua. Em seu perfil do Twitter, a presidente nacional do partido e deputada federal, Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou que o texto divulgado anteriormente sobre as eleições na Nicarágua “não foi submetido à direção partidária”.

“Nota sobre eleições na Nicarágua não foi submetida à direção partidária. A posição PT em relação a qualquer país é a defesa da autodeterminação dos povos, contra a interferência externa e respeito à democracia, por parte de governo e oposição. Nossa prioridade é debater o Brasil com o povo brasileiro”, escreveu Gleisi.

O partido havia classificado o pleito do último domingo, rejeitado pelos governos das principais democracias ocidentais, como “uma grande manifestação popular e democrática”. Opositores e militantes de esquerda atacaram a nota do partido e classificaram a posição como um erro.

As eleições que deram vitória a Ortega, segundo os números oficiais com 75% dos votos, foram realizadas após uma série de prisões de opositores, incluindo dissidentes sandinistas e sete possíveis adversários na disputa, dentre eles sua principal oponente, Cristiana Chamorro.

O presidente, que governa o país desde 2007, tem hoje o apoio de menos de 20% população, segundo pesquisa do Gallup de outubro, uma queda drástica após os protestos de 2018, que tomaram conta do país e deixaram dezenas de mortos.

Após a divulgação do documento, o Coletivo de Nicaraguenses no Brasil, formado por professores, pesquisadores, intelectuais e militantes que se definem como parte do campo progressista latino-americano, enviou uma carta de repúdio ao PT: “Viemos, por meio desta, reagir com surpresa, frustração e indignação pela nota emitida no dia 8 de novembro em saudação às eleições nicaraguenses”.

“A nota parece incoerente com a postura do ex-presidente Lula, que há menos de três meses (…) deu claros sinais de que as eleições do nosso país estavam conduzindo para um caminho não democrático. Em contraposição, não apenas o PT saúda o ‘triunfo’ da FSLN [Frente Sandinista de Libertação Nacional], mas também endossa a manipulação orteguista de uma suposta ‘onda de desestabilização’ que lhe serve de sustento para assassinar, prender ativistas e cancelar direitos políticos e sociais desde 2018”, afirma a carta.

Em entrevista ao canal mexicano Once, em agosto deste ano, Lula chegou a pedir que Ortega respeitasse a democracia: “Quando a gente pensa que não tem ninguém para nos substituir, nós estamos virando ditadores”, disse o ex-presidente. “Quando era presidente da República, muita gente queria que eu tivesse um terceiro mandato, mas não aceitei, porque sou amplamente favorável à alternância de poder. Tem que ter revezamento na governança do país para a sociedade ir aprimorando sua participação democrática.” As informações são do jornal O Globo.

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