Além dos bares, o governo de São Paulo vai fiscalizar as gráficas suspeitas de imprimir rótulos de bebidas adulteradas. Segundo o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o objetivo é identificar a rede que atua na manipulação dos produtos.
– Vamos em cima da gráfica que foi contratada para imprimir o rótulo. Ninguém recebe encomenda sem pensar que será usada para falsificação. Vamos para cima de quem recebe esses pedidos suspeitos – disse ele, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (6).
Ainda de acordo com a gestão estadual, nas últimas semanas 20 suspeitos de envolvimento na manipulação de bebidas foram presos. O montante representa praticamente a metade das 41 prisões de suspeitos de adulterar bebidas feitas desde o início do ano.
– Estamos prendendo os suspeitos para fazer a qualificação, ver outros crimes que eles podem ter cometido. As pessoas presas não têm relação entre si. Dentro da cidade, elas não têm relação entre si – disse o governador.
Segundo o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, a lavagem dos vasilhames com metanol não é descartada, mas a principal linha de investigação é a o uso intencional do metanol para adulterar as bebidas, aumentando o conteúdo dos vasilhames.
O estado de São Paulo segue com 11 estabelecimentos interditados. São colhidas amostras de bebidas suspeitas de contaminação por metanol que são analisadas posteriormente pela Polícia Científica. Até lá, os locais podem ser interditados por questões sanitárias, como falta de higiene no local e problemas no armazenamento de alimentos.
Autoridades orientam a população sobre a importância de não consumir produtos falsificados e de procurar ajuda médica, caso apresente sintomas. A intoxicação por metanol é grave, pode levar à cegueira permanente e até a morte.
BALANÇO DE CASOS NO BRASIL
Além de ações por parte de governos estaduais, a Polícia Federal também abriu inquérito para investigar os casos.
Na última quinta-feira (2), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também anunciou um conjunto de ações estratégicas. Uma sala de situação foi criada para monitorar e coordenar a resposta nacional.
Conforme última divulgação feita no domingo (5), o Ministério da Saúde confirmou 225 registros de intoxicação por metanol após ingestão de bebida alcoólica no Brasil.
O número leva em consideração os casos investigados e confirmados que vêm sendo reportados pelos estados e consolidados pelo Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional (CIEVS).
Em todo o país, são 16 casos confirmados. Os outros 209 ainda estão sob investigação em 13 estados – Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Paraná, Rondônia, São Paulo, Piauí, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraíba e Ceará. Bahia e Espírito Santo tiveram os casos registrados descartados.
O metanol é usado como matéria-prima para combustíveis e é impróprio para consumo humano, mas estaria sendo utilizado na falsificação de bebidas alcoólicas. Os casos, que tiveram início em São Paulo, ocorreram após o consumo de bebidas alcoólicas destiladas, como gim, vodca e uísque.
COMO DENUNCIAR
Denúncias sobre possíveis irregularidades e suspeitas a respeito de bebidas adulteradas podem ser enviadas pelo Disque Denúncia 181 ou pelo site da Polícia Civil de São Paulo.
O Procon-SP também recebe denúncias pelo Disque 151 e pelo site, onde o consumidor também encontra informações sobre como realizar a queixa.
Além disso, o número 0800 642 9782 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), segue disponível para esclarecer dúvidas da população, profissionais e comerciantes sobre intoxicações e procedimentos.
Busque atendimento médico imediato: se houver qualquer sintoma suspeito, o consumidor deve procurar urgência médica sem demora
Comunique as autoridades competentes:
– Disque-Intoxicação (0800 722 6001, da Anvisa) para orientação clínica/tóxica; Vigilância Sanitária local (municipal ou estadual);
– Polícia (civil);
– Procon (órgão de defesa do consumidor); quando aplicável, outros órgãos relacionados (Ministério da Agricultura, etc).
Exija sempre a nota fiscal ou comprovação de origem: documento precisa ter todas as informações de identificação do fornecedor e da compra, isso ajuda na rastreabilidade do produto e é uma garantia para o consumidor em eventual reclamação.