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Aliados de Tarcisio veem discurso contra Moraes na Paulista como divisor de águas
Prejuízo dos Correios triplica e chega a R$ 4,37 bilhões
Por Janete
Publicado em 08/09/2025 17:32
Política

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), adotou neste domingo (7) o tom mais duro até aqui contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Durante discurso no ato da oposição na Avenida Paulista, afirmou que “ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Alexandre de Moraes”, pediu anistia ampla aos condenados pelos atos de 8 de Janeiro e defendeu a volta do ex-presidente Jair Bolsonaro às urnas em 2026.

A fala foi considerada por aliados um “divisor de águas”. Pessoas próximas ao governador avaliam que o momento era o mais oportuno para um gesto mais firme em direção ao bolsonarismo e viram no discurso uma resposta ao julgamento que ocorre no STF contra Bolsonaro e outros réus acusados de tentativa de golpe. Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência, classificou o posicionamento como “duríssimo” e “direto”. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho de Jair, republicou o discurso de Tarcísio em suas redes sociais.

Para setores do governo federal, no entanto, a declaração representou um ataque frontal ao Supremo. O deputado federal Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara, disse que Tarcísio “cruzou o rubicão” ao acusar Moraes de tirania, em meio a um julgamento em andamento, o que poderia configurar coação. “Tarcísio não age como governador, mas como advogado de Bolsonaro. Quem ataca ministros e defende anistia para conspiradores não luta por liberdade: legitima o crime, sabota a Justiça e abre caminho para novos atentados contra a democracia.”

No discurso de cerca de 15 minutos, Tarcísio voltou a afirmar que Bolsonaro “é o único candidato da direita” e cobrou do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que paute a proposta de anistia. “Hugo, paute a anistia. Deixe a Casa decidir”, disse, acrescentando que a medida seria a única forma de permitir que o ex-presidente voltasse à disputa eleitoral. Ele também classificou os réus do 8 de Janeiro como “presos políticos” e disse que não há provas que liguem Bolsonaro à invasão das sedes dos Três Poderes.

 
 
 
 
 
 

Tarcísio discursa na Paulista, cobra Hugo Motta e diz que ‘só existe um candidato’ para a direita: ‘Jair Messias Bolsonaro’

O governador de São PauloTarcísio de Freitas (Republicanos), defendeu neste domingo (7) a candidatura do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à Presidência em 2026. Tarcísio é um dos cotados para captar o apoio do bolsonarismo no ano que vem. “É fundamental que tenhamos Jair Messias Bolsonaro na eleição do ano que vem. Só existe um candidato para nós, que é Jair Messias Bolsonaro”, declarou o governador, durante ato bolsonarista de 7 de Setembro na Avenida Paulista, em São Paulo.

Tarcísio critica STF e pede que Hugo Motta paute a anistia

Tarcísio de Freitas também defendeu a aprovação da anistia “ampla e irrestrita” neste domingo e pediu para que o presidente da Câmara dos DeputadosHugo Motta (Republicanos) paute o projeto. Tarcísio afirmou ainda que não irá aceitar a “ditadura de um poder sobre o outro” e que “um ditador paute o que devemos fazer”, em uma crítica ao Supremo Tribunal Federal (STF). “E se a gente está aqui hoje defendendo uma anistia, é porque a gente sabe que esse processo está maculado”, disse.

A ausência do governador na última manifestação, quando passou por um procedimento médico no dia do evento, foi duramente criticada por bolsonaristas. Em um gesto ao bolsonarismo, Tarcísio assumiu o protagonismo das articulações em Brasília para fazer a proposta avançar. O governador recebeu o apoio do deputado federal Marco Feliciano, que encerrou seu discurso, no qual pedia o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, dirigindo-se ao chefe do Executivo paulista: “Tarcísio, para cima e avante”, afirmou.

Antes do ato, o governador paulista se encontrou com Michelle Bolsonaro (PL). Os dois são cotados como possíveis sucessores de Bolsonaro na disputa presidencial de 2026. Nos bastidores, aliados defendem a candidatura de Tarcísio e veem com simpatia a formação de uma chapa com Michelle como vice, ressaltando seu apelo entre o eleitorado evangélico e o fato de ser mulher.

Governador declara que ‘não topamos impunidade, mas julgamento sem provas de Bolsonaro deixaria ferida aberta’

O governador de São Paulo declarou também que a impunidade para os condenados pelo 8 de Janeiro deixaria uma “cicatriz”. Ele disse, porém, que uma “condenação sem provas” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) abriria uma “ferida aberta” no país.

“Não se pode destruir a democracia sob pretexto de resgatá-la. A gente não topa a impunidade. A impunidade deixaria uma ferida aberta, uma cicatriz, mas também não podemos topar uma condenação sem prova. A condenação sem prova abre ferida que nunca vai fechar”, declarou o governador durante ato bolsonarista de 7 de Setembro na Avenida Paulista. Tarcísio referiu-se a Bolsonaro como “a maior liderança de direita” e afirmou que o ex-presidente é o único nome do segmento para 2026.

A manifestação bolsonarista pediu a anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e teve críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF). O ato conta com a participação de nomes como o governador de Minas GeraisRomeu Zema (Novo); a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia, além de políticos aliados ao ex-presidente.

Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes, diz Tarcísio

Tarcísio de Freitas também atacou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Governador disse que Moraes impõe uma “tirania” que “ninguém aguenta mais”. “Por que vocês (manifestantes) estão gritando isso? Talvez porque ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes Ninguém aguenta mais o que está acontecendo no País”, disse o governador. A declaração de Tarcísio representa uma subida de tom do governador contra o Supremo Tribunal Federal. Apesar de estar ao lado de Jair Bolsonaro em quase todos os assuntos, o governador normalmente evita conflitos com a Suprema Corte. É visto em Brasília como um dos bolsonaristas que tem boa interlocução com ministros do STF.

 

 

 

 

 

Prejuízo dos Correios triplica e chega a R$ 4,37 bilhões

Os Correios registraram um prejuízo de R$ 4,37 bilhões, no primeiro semestre de 2025, conforme informou a empresa estatal na última sexta-feira (5). O resultado representa um aumento de 222% (triplo) em relação ao prejuízo de R$ 1,35 bilhão registrado no mesmo período do ano anterior.

No segundo trimestre, o prejuízo chegou a R$ 2,64 bilhões – um aumento de quase cinco vezes em relação ao rombo de R$ 553 milhões do mesmo período de 2024.

No primeiro semestre, a empresa viu a sua receita líquida cair de R$ 9,28 bilhões em 2024 para R$ 8,18 bilhões em 2025. Ao mesmo tempo, despesas gerais e administrativas saltaram de R$ 1,2 bilhão para R$ 3,4 bilhões, enquanto as despesas financeiras aumentaram de R$ 3,09 milhões para R$ 673 milhões, na mesma comparação.

Os custos com produtos vendidos e serviços prestados subiram de R$ 7,8 bilhões para R$ 7,9 bilhões.

Na divulgação do balanço, a empresa afirmou que “enfrenta restrições financeiras decorrentes de fatores conjunturais externos que impactaram diretamente a geração de receitas.”

– Entre os principais motivos, destaca-se a retração significativa do segmento internacional, em razão de alterações regulatórias relevantes nas compras de produtos importados, que provocaram a queda do volume de postagens e o aumento da concorrência, resultando na redução das receitas vinculadas a esse segmento – diz a empresa.

Os Correios fizeram referência, de forma indireta, à taxa das blusinhas que foi implementada pelo governo Lula (PT).

A empresa ainda diz que implementou um plano de contingência, com objetivo de buscar o reequilíbrio econômico.

– As ações priorizam o incremento de receitas, por meio dadiversificação de serviços e da expansão da atuação comercial, bem como a otimização e racionalização das despesas e a reduçãode custos operacionais, preservando a universalização dos serviços e assegurando ganhos de produtividade e sustentabilidadefinanceira – disse a companhia.

Os Correios também citam a implementação de um market place próprio, com a entrada no segmento do e-commerce, e a autorização de uma linha de crédito de R$ 4 bilhões junto ao Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco do Brics, para investir em modernização, operações logísticas e automação de processos.

Em uma tentativa de contornar a crise, a empresa se comprometeu com a equipe econômica a economizar R$ 1,5 bilhão ainda em 2025. Uma das esperanças de cortar os gastos é o Plano de Desligamento Voluntário, com o qual a empresa prevê economizar R$ 1 bilhão ao ano.

O presidente da empresa, Fabiano Silva dos Santos, entregou pedido de demissão, no início de julho, mas permanece no cargo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o pedido para que ele continuasse, até encontrar um substituto, o que ainda não aconteceu, em uma situação inédita para a companhia.

Desde 2022, os Correios vêm apresentando prejuízos, mas o resultado negativo vem piorando. Naquele ano, a empresa fechou no vermelho em R$ 767 milhões, com pequena redução para R$ 596 milhões, em 2023. Em 2024, contudo, o rombo chegou a R$ 2,59 bilhões e, agora, no primeiro semestre, o número negativo salto para 4,36 bilhões.
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