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Governo Trump condena prisão de Bolsonaro e critica Moraes
8 de janeiro: Provas mostram como Moraes decidiu prisões
Por Janete
Publicado em 05/08/2025 17:20
Política
O Departamento de Estado dos Estados Unidos, órgão equivalente ao Itamaraty brasileiro, condenou, na noite desta segunda-feira (4), a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL) imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e prometeu punições a quem auxiliar ou incentivar o ministro a continuar nessa direção.

 

Em nota publicada nas redes sociais, o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental se referiu a Moraes como “violador de direitos humanos” e disse que ele coloca restrições à capacidade de Bolsonaro se defender em público.

– O juiz Moraes, agora um violador de direitos humanos sancionado pelos EUA, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia. Impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender em público não é um serviço público. Deixem Bolsonaro falar – diz a nota, em tradução livre.

Na sequência, a mensagem diz que “os Estados Unidos condenam a decisão de Moraes que impôs prisão domiciliar a Bolsonaro e responsabilizarão todos aqueles que auxiliarem ou incentivarem a conduta sancionada”.

Na semana passada, o ministro foi incluído pelo governo de Donald Trump na lista de pessoas sancionadas pela Lei Magnitsky. A punição bloqueia bens e contas nos EUA da pessoa punida e a impede de entrar no país norte-americano.

Trump já havia revogado o visto de Moraes, de outros sete ministros do STF e do procurador-geral da República, Paulo Gonet, como retaliação à decisão que obrigou Bolsonaro a usar tornozeleira eletrônica.

 

 

 

 

8 de janeiro: Provas mostram como Moraes decidiu prisões

Jornalistas brasileiros e americanos divulgaram, nesta segunda-feira (4), documentos inéditos que mostram que o Supremo Tribunal Federal (STF) usou postagens em redes sociais como base para investigar e manter presos manifestantes do 8 de janeiro, mesmo os que não participaram dos atos.

O material foi publicado pelo portal Public.news, que reúne a mesma equipe investigativa responsável pelo escândalo da Vaza Toga: Michael Shellenberger, David Ágape e Eli Vieira, com edição de Alex Gutentag. Eles afirmam que veículos nacionais e estrangeiros se recusaram a divulgar o conteúdo por medo de retaliação.

Segundo os documentos, a equipe de Alexandre de Moraes criou uma força-tarefa paralela para realizar “varreduras digitais” e emitir relatórios secretos com base em opiniões políticas. Os acusados foram classificados como “positivos” se tivessem conteúdo crítico a Lula, mesmo que as postagens fossem antigas ou sem relação com o 8 de janeiro.

 

Um dos casos é o de um ambulante de 54 anos que chegou ao QG do Exército horas depois dos atos, apenas para vender camisetas. Foi preso e permaneceu quatro meses detido por tuítes de 2018 em que criticava Lula. Já uma pastora de São Paulo foi condenada a 17 anos de prisão por apenas ter ido orar em Brasília.

Mensagens internas revelam que o ministro Alexandre de Moraes só autorizava a soltura dos presos após checar suas redes sociais.

– A PGR pediu LP (liberdade provisória) para eles, mas o ministro não quer soltar sem antes a gente ver nas redes se tem alguma coisa – escreveu a chefe de gabinete dele em grupo do WhatsApp.

Os integrantes da força-tarefa também acessaram ilegalmente o banco de dados biométrico do Tribunal Superior Eleitoral (GestBio) e cruzaram informações pessoais com perfis nas redes. O processo violou o Código de Processo Penal, ignorou prazos legais e incluiu interferência de ativistas e agências de checagem infiltradas em grupos privados.

 

Juristas ouvidos pelo Public classificaram as práticas como ilegais e inconstitucionais. Para o advogado André Marsiglia, “o órgão que julga não pode ser o mesmo que investiga”. Para o ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello, as penas aplicadas aos manifestantes são “próprias para assassinos, não para críticos do governo”.

 
 

 

 

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