A mobilização para salvar vidas no trânsito ganha força neste mês de setembro em Campinas. A Semana da Mobilidade Urbana (Semob) 2025, promovida pela Prefeitura de Campinas, por meio da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) e da Secretaria de Transportes (Setransp), foi aberta nesta quinta-feira, 18 de setembro. Até o dia 25 de setembro, diversas ações educativas vão conscientizar pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas sobre a importância da prevenção de acidentes.
Abertura e apresentação de dados
O evento de abertura ocorreu no anfiteatro da Biblioteca da PUC-Campinas (Campus II), no Jardim Ipaussurama. Durante a solenidade, a Emdec também apresentou o Relatório Anual de Sinistralidade no Trânsito de Campinas 2024, que detalha a evolução da mortalidade no trânsito nos últimos 10 anos.
O levantamento revelou o perfil das 156 vidas perdidas em 148 sinistros (acidentes) fatais no ano passado, oferecendo subsídios para novas estratégias de redução de acidentes.
Redução de mortes no trânsito em Campinas
O presidente da Emdec, Vinicius Riverete, destacou que a queda no número de óbitos, especialmente entre motociclistas, é resultado da integração de três pilares fundamentais: fiscalização, educação e obras viárias.
“Para as ações preventivas darem certo contamos com a liderança e gestão do prefeito Dário Saadi, que encara o problema dos acidentes e das mortes no trânsito. E quero destacar ainda o compromisso do grupo de colaboradores e apoiadores envolvidos nesses esforços, com destaques para os técnicos e agentes da Emdec”, afirmou Riverete.
O secretário de Transportes, Fernando de Caires, pontuou que todas as ações são realizadas por meio de dados. “Não realizamos políticas públicas de olhos fechados. Elas são baseadas em dados e evidências. Quando uma pessoa escolhe beber e dirigir, por exemplo, não é acidente. Essa atitude pode ter consequências graves para a pessoa e, pior ainda, para uma terceira pessoa”, pontuou.
Já o coordenador da Atenção Hospitalar e Urgência, que representou a Secretaria de Saúde, Ricardo Nemer Jalbut, falou sobre a importância da consciência no trânsito. “Um pouco menos de pressa salva vidas. Campinas está de parabéns pelas políticas públicas baseadas em dados e pelos resultados alcançados”, disse.
O decano da Escola de Ciência da Vida da PUC-Campinas, José Gonzaga Teixeira de Camargo, destacou a necessidade de aliar a educação e a tecnologia no trânsito. Ele também destacou a consequência mais severa que é a perda da vida. “Além das mortes, os sinistros têm diversas outras consequências: há aqueles que sofrem lesões a partir dos sinistros e, ainda, as famílias afetadas, que passam pelo trauma”.
Programação da Semob
A gerente da Divisão de Desenvolvimento Humano e Institucional da Emdec, Débora Damasco, apresentou as ações preventivas realizadas pela Emdec para salvar vidas no trânsito, nos eixos de educação para mobilidade, vias seguras, fiscalização e comunicação.
Entre os destaques da Semob 2025 estão:
- Inauguração do novo Centro de Controle Operacional da Emdec (23/09), Lançamento de projeto-piloto de travessia inteligente, que utiliza iluminação led (no dia 22/09),
- Apresentação do projeto “Caminhos do Brincar / Ruas de Lazer” nos Amarais (21/09) e no Satélite Íris (no dia 22/09) e;
- Simulação de sinistro de trânsito (no dia 25/09).
Veja detalhes da programação no link: http://www.emdec.com.br/eficiente/sites/portalemdec/pt-br/site.php?secao=semob
156 vidas perdidas: perfil das vítimas
O Relatório Anual de Sinistralidade no Trânsito 2024 foi apresentado pelo coordenador da área de Gestão da Base de Dados da Emdec, Marcelo Luiz de Araújo Antônio.
O documento, que norteia a definição de políticas públicas, é consolidado e lançado no segundo semestre do ano seguinte, já que a Emdec acompanha as vítimas fatais desde o momento do sinistro até 180 dias após a ocorrência.
Foram 1.449 mortos no trânsito nos últimos 10 anos.
Em 2024, 72 (46,2%) pessoas perderam a vida em vias urbanas e 84 (53,8%) em rodovias: 71 motociclistas ou garupas (45,5%), 45 pedestres (28,8%), 31 ocupantes de outros veículos (19,9%) e nove ciclistas (5,8%).
Homens e jovens entre 18 e 39 anos foram os que mais morreram no trânsito.
Entre as 156 vidas perdidas, 134 (85,9%) eram homens e 22 (14,1%) eram mulheres.
Foram 81 óbitos (51,9%) na faixa etária entre 18 e 39 anos – 69 homens e 12 mulheres.
Entre os jovens de 18 a 29 anos, 26 (63,4%) eram motociclistas ou garupas. E entre os idosos (60 anos ou mais), 16 (64%) eram pedestres.
A coordenadora local de Políticas Públicas de Segurança Viária, Paula Bianchi, destacou que o lançamento da Semob em uma universidade é simbólico. “As mortes no trânsito estão presentes no nosso dia a dia e não podemos normalizar. Temos que ter consciência como usuário e como ator que pode fazer a diferença. Não podemos pagar com a vida pela tomada de decisões equivocadas”, disse.
A combinação de álcool e direção foi o comportamento de risco que mais matou em 2024: 51 (38,1%) dos 134 sinistros analisados pelo Comitê Intersetorial do Projeto Vida no Trânsito.
A velocidade excessiva ou inadequada esteve presente em 35 (26,1%) sinistros. Já a combinação entre os dois fatores foi identificada em 18 (13,4%) sinistros.
Em 2024, a taxa de óbitos a cada 100 mil habitantes foi de 13,15, índice 5,8% menor do que o registrado no ano anterior.
Nas vias urbanas, queda nas mortes de motociclistas e pedestres
Campinas alcançou redução de 8,9% nos óbitos em vias urbanas – foram sete vidas salvas, além de queda nas mortes dos usuários mais vulneráveis.
Foram 34 (47,2%) óbitos de motociclistas e 23 (31,9%) de pedestres no ano passado: índices 10,5% e 14,8% menores do que os registrados em 2023, respectivamente. Dez (13,9%) ocupantes de demais veículos e cinco pedestres (6,9%) perderam a vida em vias urbanas em 2024.
Avenida em destaque
Quatro avenidas de Campinas concentraram 16,7% dos óbitos em vias urbanas entre 2022 e 2024: John Boyd Dunlop, Ruy Rodriguez, Comendador Aladino Selmi e Amoreiras.
A JBD concentrou 9,3% do total de óbitos nos últimos três anos. Apesar disso, a avenida apresentou queda gradativa de 46% das mortes, passando de 13 em 2021 para sete em 2024.
Sobre a Semob
Criada pela Lei Municipal nº 11.387/2002, a Semana Municipal do Trânsito (Semutran) foi substituída pela Semana da Mobilidade Urbana (Semob), a partir da Lei Municipal nº 16.336/2022. Promove ações de educação para a mobilidade, contemplando atividades previstas para a Semana Nacional do Trânsito, conforme o artigo 326 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
A realização da Semob conta com o apoio das secretarias municipais de Esporte e Lazer, Segurança Pública e Políticas para as Mulheres, Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global (BIGRS), Johns Hopkins University e Observatório Municipal de Trânsito (OMT), além de diversos outros órgãos municipais, concessionárias e universidades. A lista completa de apoiadores e eventos programados pode ser acessada no hotsite: www.emdec.com.br/semob.
Também participaram do evento o presidente da Rede Mário Gatti, Dr. Sergio Bisogni; o Superintendente do Hospital da PUC, Dr. Agnaldo Catanoce; o representante do 7º Grupamento de Bombeiros do Interior-1, Major José Vitor Gomes Guerra; o comandante do 35° Batalhão de Polícia Militar do Interior, Tenente-Coronel Jefferson Aurélio Cansian; o presidente da Câmara de Campinas, Luiz Carlos Rossini; além de estudantes da PUC-Campinas, do Conselho de Mobilidade Urbana e dos diretores da Setransp, João Beto e Aparecido Souza Santos (Cidão Santos).