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Documentário de produtora de Campinas terá Première Mundial no 53º Festival de Cinema de Gramado
Produção de Campinas estreia no prestigiado Festival de Gramado com narrativa potente sobre a luta territorial do povo Kariri-Xocó
Por Janete
Publicado em 17/07/2025 17:24
Entretenimento

O filme ‘Até Onde a Vista Alcança’, uma produção do Laboratório Cisco, produtora de documentários de Campinas , estreia no 53º Festival de Cinema de Gramado, um dos mais importantes festivais de cinema do Brasil e da América Latina. 
 

Dirigido pelo documentarista Hidalgo Romero e pela antropóloga Alice Villela, e com a participação da liderança indígena Pawanã Kariri-Xocó, o filme coloca em pauta a disputa pela terra desde a perspectiva dos Kariri-Xocó.


Confira a lista dos filmes indicados no site do festival: https://festivaldecinemadegramado.com/53o-festival-de-cinema-de-gramado-revela-longas-documentais-e-curtas-brasileiros-em-competicao/


Documentário traz visibilidade

O documentário narra a história de três gerações de indígenas desta etnia nordestina, que se unem em uma expedição de reconhecimento de seu território memorial, roubado ao longo dos dolorosos séculos de colonização. 


Os cantos Kariri-Xocó estão presentes no cotidiano da aldeia: em rituais, no trabalho e no dia a dia das famílias, tornando Até Onde a Vista Alcança um filme intrinsecamente  musical. 
A estréia do filme no Festival de Gramado traz visibilidade não apenas para o cinema do interior de São Paulo e de Campinas, mas sobretudo para as comunidades indígenas nordestinas, frequentemente invisibilizadas. 


Contemplado pelo Programa de Ação Cultural (ProAC) do Estado de São Paulo, pela Lei Paulo Gustavo Municipal de Campinas e com o apoio da Wenner-Gren Foundation, o projeto participou de importantes laboratórios de desenvolvimento de documentários, como BrLab, Brasil CineMundi e o Programa Ibermedia, além do Taturana Lab + Impacta Cine.


Sessões em aldeias

Os diretores ressaltam que depois da estreia o objetivo é realizar uma campanha de distribuição de impacto social, promovendo a visibilidade das comunidades indígenas nordestinas e sua importância para a sustentabilidade ambiental da Caatinga, único bioma totalmente brasileiro. Nesse sentido, a equipe do filme planeja potencializar ações já em curso no território, trazendo benefícios sociais à comunidade Kariri-Xocó.


Além de gestionar sessões do filme em aldeias do nordeste no segundo semestre de 2025, a equipe do projeto reivindica o debate da restauração ambiental do território demarcado, de modo que a demarcação de terras, principal pauta dos povos indígenas, ameaçada pela tese do Marco Temporal, será debatida como um direito originário e como estratégia de proteção ambiental. 


Finalmente, o fortalecimento da Escola de língua Swbatkerá, criada em 2018 na aldeia Kariri-Xocó, também será objeto da campanha do projeto, através do revigoramento da língua Dzubukuá, uma língua até pouco tempo considerada extinta. 

Sinopse do filme

Três gerações de indígenas Kariri-Xocó se unem em uma expedição de reconhecimento do território memorial desse povo, roubado ao longo dos dolorosos séculos de colonização. Sua língua, seus conhecimentos e até mesmo seus rituais sagrados foram ocultados como estratégia de sobrevivência. Agora, munidos de câmeras, drones, cachimbos, cocares e maracas, eles percorrem os marcos geográficos de seu território em um road movie que é a preparação para novas retomadas.


Mini biografia dos diretores: 

Hidalgo Romero é membro da produtora  Laboratório Cisco desde 2006, onde atua como produtor, diretor e roteirista. Trabalha com temas relacionados ao meio ambiente, direitos humanos, música tradicional e movimentos sociais. Alice Villela é antropóloga visual com doutorado em Antropologia Social e mestrado em Artes. É diretora e pesquisadora de filmes realizados junto a Povos Indígenas.


O primeiro filme da dupla, “Acontecências" (2009), sobre os Asuriní do Xingu, participou de importantes festivais como 22º IDFA, 10º É Tudo Verdade, e recebeu uma menção honrosa na 37ª Jornada da Bahia. Realizaram também o média-metragem “A Briga do Cachorro com a Onça” (2013), e os curtas “Toré” (2022) e “Na Volta do Mundo” (2022). 

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