Contaminações desaceleram, mas número de mortes por covid-19 segue em alta na RMC
A nota técnica do Observatório PUC-Campinas, divulgada nesta segunda-feira (5), mostra que as novas infecções por covid-19 desaceleraram no Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS-Campinas), ao longo da 13ª Semana Epidemiológica, correspondente ao período de 28/03 a 03/04. Com 11,4 mil casos registrados, houve diminuição de 8% em relação à semana anterior. Em contrapartida, o número de mortes segue crescendo: foram 548 vítimas fatais, 12,3% a mais comparando-se à 12ª Semana Epidemiológica.
Na Região Metropolitana de Campinas (RMC), os dados evidenciaram o mesmo comportamento do DRS-Campinas: embora a variação de novas contaminações tenha sido negativa em 8%, 548 vidas foram perdidas no recorte analisado, número 6,5% superior em relação à semana passada. O município de Campinas continua com o maior índice de mortalidade da região, com 209 óbitos por 100 mil habitantes.
De acordo com o infectologista da PUC-Campinas André Giglio Bueno, as novas internações por coronavírus cresceram em ritmo menos acelerado na região de Campinas, com aumento de 4% na comparação com a última semana epidemiológica. Contudo, o sistema de saúde permanece sobrecarregado. Só em Campinas, a fila de espera para a utilização de um leito de UTI ultrapassa 90 pacientes.
Passadas três semanas do início da fase emergencial no Estado, o professor de Medicina da PUC-Campinas avalia que medidas mais restritivas, como um lockdown, deveriam ter sido adotadas para interromper o avanço da pandemia e o colapso da saúde. “Uma parcela da população segue alheia ao que está ocorrendo ao seu redor ao promover aglomerações e desrespeitar medidas eficazes de prevenção. Com o último feriado, bem longo em algumas cidades, festas e encontros familiares aconteceram, o que nos sugere um crescimento na curva de contágio no decorrer das próximas semanas”, pontua Giglio.
Os dados atualizados da covid-19 nos municípios paulistas, incluindo a RMC, podem ser obtidos no Painel Interativo do Observatório: https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.
Economia
Apesar das restrições impostas ao atendimento presencial em estabelecimentos comerciais, que podem causar perdas imediatas aos comerciantes, a situação econômica, sobretudo da demanda, é mais preocupante, segundo o economista Paulo Oliveira, devido à queda drástica dos auxílios e programas federais. O novo auxílio emergencial, cuja 1ª parcela deve ser paga a partir de amanhã (06/04), terá valor médio de R$ 250,00, montante bem inferior ao pago no início da pandemia.
O professor avalia que uma parcela não negligenciável do consumo regional tenha sido sustentada pelo auxílio. Com a redução do valor, haverá iminente redução de demanda na economia. “A massa salarial da RMC, segundo apurou um estudo do próprio Observatório PUC-Campinas, é de cerca de R$ 3 bilhões por mês. Entre abril e dezembro de 2020, 2,5 bilhões foram injetados por meio do benefício, que equilibrou a renda e promoveu a manutenção do consumo dos mais pobres. Para o 2º trimestre deste ano, o auxílio deve ter impacto relativamente reduzido como dinamizador do consumo, dada a diminuição do programa em termos monetários e de cobertura”, reforça.
“Sem medidas realmente efetivas de proteção da renda e do emprego, e diante do atual cenário econômico, social e sanitário, a retomada da atividade econômica nacional e regional, de certo, será lenta”, complementa Oliveira.