‘Quem vai querer ajudar em uma futura crise se corre o risco de ser indiciado por um Renan Calheiros’, questiona Constantino
A CPI da Covid-19 vota nesta terça-feira, 26, o relatório final do senador Renan Calheiros. Ele vai propor o banimento do presidente Jair Bolsonaro das redes sociais. A proposta se baseia na transmissão ao vivo em que o chefe do Executivo relaciona a vacina contra a Covid-19 e a Aids. Calheiros informou que vai pedir uma medida cautelar no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente. A live de Bolsonaro foi retirada do ar pelo Facebook e pelo Youtube. Após reunião nesta segunda-feira, 25, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues, informou que mais 10 pessoas serão incluídas nos pedidos de indiciamento. Ao todo, serão 78 nomes. Ainda nesta manhã, a CPI da Covid-19 aprovou a quebra do sigilo telemático do presidente. O requerimento do senador Randolfe Rodrigues solicitava “a transferência de sigilos, a suspensão de acesso a redes sociais e a retratação do Presidente da República quanto às suas recentes declarações sobre a Covid-19 e HIV”. O pedido foi aprovado com um único voto contra, do senador Jorginho Mello (PL-SC), da base governista.
Durante sua participação no programa 3 em 1, da Jovem Pan, desta terça-feira, 26, o comentarista Rodrigo Constantino analisou a apresentação do relatório final da CPI, dizendo que as comissões já possuem uma politização, mas que o nível visto na atual vai gerar efeitos negativos no país a longo prazo. “Todo mundo sabe que uma CPI é um instrumento de minoria e que tem uma politização alta. Mas da forma que vimos, este tipo de demonização, de postura de cangaço, isso vai ter um efeito de longo prazo. Que médico, jornalista ou empresário vai querer ajudar e participar do debate de forma genuína em uma próxima crise, em uma tragédia qualquer, em uma pandemia, que seja, sabendo que depois figuras como Renan Calheiros podem colocar lá em um processo desses a sugestão de seu indiciamento e tentar praticar assassinato de reputação. Pessoas sérias estão sendo perseguidas por quem deveria estar já cumprindo pena atrás das grades”, analisou Constantino.