“Precisamos pisar no freio”, diz Marco Aurélio, após operação contra empresários
Marco Aurélio Mello voltou a criticar a operação da Polícia Federal contra empresários que teriam defendido, em mensagens no WhatsApp, um golpe de Estado em caso de vitória de Lula na eleição presidencial. Como mostramos, a ação foi autorizada por Alexandre de Moraes e envolveu buscas em endereços profissionais e residenciais, bloqueio de contas, quebra de sigilo bancário e de mensagem e suspensão de perfis nas redes sociais.
Em entrevista ao Estadão, o ex-ministro do STF afirmou que vivemos “tempos estranhos” e que “precisamos pisar no freio”.
Em entrevista ao Estadão, o ex-ministro do STF afirmou que vivemos “tempos estranhos” e que “precisamos pisar no freio”.
“Eu não compreendi os atos de constrição. Vinga ainda no país, ainda bem, a liberdade de expressão […]. Você pode não concordar, mas você brigar na veiculação de ideias é muito ruim. […] Precisamos de temperança, compreensão. Precisamos pisar no freio, porque isso não interessa, principalmente aos menos afortunados. Em termos de governança, de preservação de certos valores, o que interessa é a estabilidade. A paixão, em casos de Estado, merece a excomunhão maior. Estão todos apaixonados”, afirmou Marco Aurélio.
“Eles disseram uma opinião: ‘Olha, ao invés do ex-presidente é preferível o golpe’. Mas em Direito Penal não se pune a cogitação’. Eu tinha o WhatsApp como algo inalcançável. A insegurança passa a imperar“, acrescentou.
Fiesp divulga nota em defesa da liberdade de expressão
Nesta quinta-feira (25), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou uma nota para manifestar seu posicionamento em defesa da liberdade de expressão. A iniciativa ocorre após integrantes do setor industrial terem criticado a entidade por conta da articulação do manifesto em defesa da democracia, que representava apoio do empresariado aos tribunais superiores. As informações são do Estadão.
A opção da Fiesp em defender a liberdade de expressão responde aos críticos que reclamavam do silêncio da entidade. Não há, no entanto, nenhuma crítica direta ou indireta ao STF e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no texto.
– Na defesa do Estado Democrático de Direito feita pela Fiesp e outras entidades, está implícita, obviamente, a defesa de todos os seus pilares, o que inclui a liberdade de expressão e de opinião e imprensa livre. Esses são valores inegociáveis – disse a entidade.
O posicionamento da Fiesp surgiu após uma ação da Polícia Federal (PF), que teve como alvo um grupo de empresários que teria defendido um golpe no Brasil caso o ex-presidente Lula (PT) vencesse as eleições.
A operação da PF ocorreu após uma reportagem do site Metrópoles apresentar prints que seriam de conversas de grandes empresários brasileiros em um grupo privado de WhatsApp. De acordo com o colunista Guilherme Amado, entre os empresários presentes no grupo estavam Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro; Ivan Wrobel, dono da construtora W3 Engenharia; e Marco Aurélio Raymundo, dono da marca de surfwear Mormaii.
A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Ele autorizou o cumprimento de mandados de busca e apreensão contra oito empresários. Nas mensagens, eles teriam chegado a afirmar que “golpe foi soltar o presidiário” e que os atos marcados para o próximo 7 de Setembro estão sendo programados “para unir o povo e o Exército”.