Paulo Figueiredo: nova esquerda deixa classe operária e foca em ‘filhinhos de papai’

Fala de Gleisi Hoffmann sobre ‘fundo do poço’ do Partido dos Trabalhadores e tentativas de tirá-la da posição de líder do partido foram debatidas no programa 3 em 1 desta terça.

A deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), afirmou em entrevista ao BR Político que a eleição de 2020 representou uma “estanca na sangria”, uma vez que o “fundo do poço” do partido foi atingido no ano de 2016, momento no qual a presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment. Segundo publicações, grupos petistas estariam usando o péssimo desempenho do partido nas eleições municipais como forma de tentar encurtar o mandato de Gleisi, que foi garantido por eleição até o ano de 2023. Alas mais radicais do governo defenderiam até mesmo a retirada de Lula de cena. A fala de Gleisi foi um dos assuntos abordados pelos comentaristas do programa 3 em 1, da Jovem Pan, nesta terça-feira, 1º. Para Paulo Figueiredo Filho, que se considera um “exilado do PT” e saiu do Brasil para morar nos Estados Unidos em 2015, quando Dilma Rousseff se encaminhava para reeleição, uma nova esquerda está em ascensão no Brasil e tem um foco diferente daquele pregado pelo PT na sua criação. “Saiu de cena aquele apelo à classe operária, trabalhadora, que cada vez mais agora se torna conservadora e entrou no palco o neomarxismo pós-moderno. Essa nova esquerda não é trabalhadora do campo ou rural, ela é composta de uma elite jovem, culpada, rebelde sem causa. De filhinhos de papai, comedores de cupcake e tomadores de Starbucks”, disse. Para ele, as ascensões do PT há décadas e a de outros partidos de esquerda atualmente ocorreram com a conivência da classe intelectual, dos artistas e da imprensa. Ele diz, ainda, que nas regiões universitárias a dominação da chamada “nova esquerda” é total.

Josias de Souza considera Gleisi uma diretora precária, que é transformada em “boi de piranha” e usada como “bode expiatório” para dar fuga ao ex-presidente Lula. Ele lembrou que em 15 anos, o partido teve dois “mega escândalos” e, mesmo assim, continua discutindo os mesmos problemas. “Um partido não apodrece por cair na lama, ele apodrece por permanecer lá. E o PT parece ter desenvolvido uma certa afeição pelo lodo”, afirmou. Ele atribuiu, ainda, a pauta de “Lula Livre” nas eleições de 2018 à ascendência do atual presidente Jair Bolsonaro e garantiu que, mesmo que o PT tente esconder experiências de corrupção sob o tapete, o resultado não é efetivo. “A cada nova eleição, o brasileiro vai informando ao PT que não é imbecil, que enxerga o que aconteceu e que acha que o partido merece uma punição”, pontuou. Para ele, o definhamento é reflexo da demora do partido de entender o que as urnas emitem. Para Thaís Oyama, o partido “colhe o que plantou” e Lula não tem a intenção de sair de cena, como desejado por alguns. “O PT quer o protagonismo, o PT busca a hegemonia”, afirmou. Ela deu o exemplo do ex-senador Eduardo Suplicy, que em 2002 teria desafiado autoridade do criador do partido ao participar de prévias para a disputa da presidência da República contra ele. Segundo ela, desde então, ele foi visto com maus olhos pelo partido, chegando a não ganhar verba para disputar cadeira no senado e buscou cargos menores, como o de vereador, em seguida. Para exemplificar outras vaidades de Lula, Oyama citou a “segurada” da nomeação de Haddad para concorrer à presidência no ano de 2018, mantendo o próprio nome na disputa até o prazo máximo mesmo sabendo das possibilidades de se tornar inelegível. “Para além das vaidades, tivemos o petrolão, o mensalão, esses escândalos na área criminal que deixaram marcas difíceis de tirar de cima da estrela do PT. O PT fez 40 anos, nunca fez autocrítica, nunca fez mea culpa e agora eu acho que é tarde demais para ele se arrepender, se é que ele está arrependido de alguma coisa”, pontuou.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com