Forças Armadas serão aquilo que o governo quiser, diz Lula

Durante o lançamento de um livro do fotógrafo Ricardo Stuckert, na capital paulista, Lula deu uma declaração polêmica sobre a política externa e os militares. “O Itamaraty será aquilo que o governo decidir o que ele seja”, afirmou, na segunda-feira 22. “Como as Forças Armadas serão, como todas as instituições do Estado serão aquilo que o governo quiser que seja.”

O petista disse ainda que há “muitas pessoas conservadoras” no Itamaraty e que não é a instituição que define as políticas que serão colocadas na prática. “Quem define é o Estado e é através de políticas do governo que o Itamaraty pode agir mais ou agir menos”, observou o ex-presidente.

“Se você tem um governo que não define que política que você quer, que não te dá orientação, é muito mais fácil ficar na embaixada servindo drinque ou ir à embaixada dos outros tomar drinque”, complementou Lula, ao mencionar que, sob Bolsonaro, o Brasil vive um “empobrecimento das relações exteriores.

Segundo Lula, algo que o “orgulha” é que, durante sua gestão, a política externa do Brasil foi “ativa e altiva”. “Nunca falamos grosso com Bolívia, Uruguai, São Tomé e Príncipe ou Timor Leste”, disse. “Nunca permitiu que a gente falasse grosso, mas também nunca permitiu que a gente falasse fino com os EUA.”

A declaração do ex-presidente ocorreu uma semana depois de o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, mudar o comando das Forças Armadas. Um dos generais, por exemplo, é formado em direitos humanos. Petro disse ontem que quer transformar os militares em “forças de paz”, além de estabelecer diálogo com a guerrilha de extrema esquerda do país.

Articulador da campanha política de Lula, o ex-ministro Zé Dirceu publicou um artigo em 2021 defendendo “rever o papel das Forças Armadas”. Depois de acusar os militares de “imiscuírem-se da política”, disse que a presença deles na política “impossibilita a democracia”. Entre outras propostas, Zé Dirceu propõe mudar o artigo 142 “para que não restem dúvidas de que as Forças Armadas não são o poder moderador da sociedade”.

Em 2016, após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o PT aprovou uma “autocrítica”. No documento, critica não ter aumentado a sua influência sobre a Polícia Federal, o Ministério Público e as Forças Armadas.

Foto: Agência Brasil

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