Por trás de trilhos em miniatura, paisagens detalhadas e locomotivas em escala reduzida, há um universo de paixão, paciência e memória afetiva. É assim que se define o ferromodelismo, hobby que atrai pessoas de todas as idades e vem crescendo em Campinas com força total.
“Meu pai era ferroviário. É importante manter essa tradição. O ferromodelismo conta a história do desenvolvimento de uma cidade”, afirma Fernando Aparecido Ruzene, que se dedica à prática desde 2013. Para ele, o interesse surgiu em casa, e com o tempo virou mais do que lazer — virou compromisso com a preservação da memória ferroviária. “Pra quem quer começar no hobby, pesquise tudo antes. Tem que gostar e ter calma”, orienta.
Já Agnaldo Corsi, ferromodelista desde 2007, destaca o valor emocional. “Meu avô e meus tios eram ferroviários. É um hobby que mexe com boas recordações. O Natal, por exemplo, por causa das viagens especiais de fim de ano, tem muito vínculo com ferromodelismo”, explica.
Campinas é hoje uma das cidades que mais valorizam o tema. Prova disso é o Encontro de Ferromodelistas, realizado há 11 anos na cidade (com exceção de dois anos parados durante a pandemia). O evento reúne apaixonados pelo hobby, visitantes curiosos e maquetes vindas de vários cantos do país.
“Começamos sem pretensão, e hoje o evento é um sucesso. É um programa familiar, que atrai gerações. Muitas vezes o avô traz o neto e passa a tradição adiante. Nisso a gente começa a angariar outras pessoas”, conta Foster Móz, organizador do encontro.
Além de exibir as miniaturas, o evento ajuda a renovar o público. “Tem visitantes que vêm só olhar e acabam voltando no ano seguinte já trazendo sua própria maquete. Isso mostra que o ferromodelismo segue vivo”, diz Foster.
Paulo Costa, diretor presidente da AMFEC (Associação de Modelismo Ferroviário de Campinas), explica que o hábito de colecionar os objetos ferroviários também cultiva novos públicos e alimenta a história. “Aqui temos pessoas que, além do gosto de ver o trem, gostam de cultivar a história e prezam pela preservação das ferrovias”.