Escola minimiza atitude de professor que humilhou aluno

A Escola Avenues emitiu uma nota nesta terça-feira, 5, em que minimiza a atitude do professor Messias Basques, que humilhou um aluno durante uma palestra da indígena Sônia Guajajara. Na apresentação, a ex-candidata à Vice-Presidência fez críticas ao agronegócio brasileiro e ao governo federal.

“Durante o momento reservado a perguntas, um aluno discordou da senhora Guajajara de maneira desrespeitosa”, diz o texto, assinado por Andy Williams, diretor da Avenues. “Em seguida, um professor corrigiu o aluno de uma maneira que também foi inapropriada. Além disso, um aluno gravou a sessão sem autorização, e um trecho foi divulgado fora de nossa comunidade.”

As críticas incomodaram o professor. “Quando você entender o que é ser uma pessoa deste tamanho, lembrará deste dia com muita vergonha”, advertiu. “Então, a minha recomendação é: respeite-me, porque sou doutor em Antropologia. Não tenho opinião, sou especialista em Harvard. No dia em que você quiser discutir conosco, traga seu diploma e sua opinião, fundamentada em ciência. Aí sim poderá discutir com um especialista em Harvard.”

Em carta, o aluno manifestou seu descontentamento. “Falar do agronegócio de maneira tão pejorativa, para uma audiência de 300 pessoas, deixou-me extremamente ofendido”, salientou. “Os pais dos meus amigos trabalham no agronegócio, minha família vem da agropecuária.”

A Avenues, cuja mensalidade é de R$ 10 mil, informou que “resolverá a situação da melhor forma possível”.

Possível crime

A conduta do professor poderá ser investigada pelas autoridades, visto que o artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) penaliza quem “submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou constrangimento”. A pena é de seis meses a dois anos de prisão.

Segundo o advogado Sylvio Rocha Filho, mestre em Filosofia do Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o aluno foi submetido a uma humilhação pública. “Resta saber se o estudante foi submetido a vexame ou constrangimento”, afirmou. “O professor usou um conceito chamado ‘argumento de autoridade’ para menosprezar o aluno.”

Doutor em Antropologia

O responsável por humilhar o estudante é Messias Basques, graduado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Seus trabalhos acadêmicos endossam as pautas promovidas pela esquerda brasileira, como o suposto combate ao racismo, a redistribuição de terras e a defesa dos povos indígenas.

Nas redes sociais, Basques mantém a militância política. Em uma de suas publicações, por exemplo, disse ter criado uma espécie de manual de comunicação antirracista. “Assim como todxs nós precisamos aprender a ouvir as mulheres, as pessoas negras, os LGBTQIA+ e as pessoas com deficiência, também é preciso aprender a ter atitudes antirracistas”, escreveu. “Mas não apenas aprenda: corrija, ensine, compartilhe.”

Reação

Movimento Escolas Abertas repudiou a atitude de Basques. “Tomamos conhecimento de um caso ocorrido em uma escola particular de São Paulo, em que um adolescente, ao tentar expressar suas ideias, foi ridicularizado por um professor”, disse o grupo, em publicação no Instagram. “Diante desse caso, que sabemos não ser o único, decidimos nos posicionar e reiterar que casos abusivos precisam vir à tona, para que a sociedade civil se posicione e exija que as escolas não sejam usadas como palanques políticos ou ideológicos.”

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