Dólar cai a R$ 4,80 com entrada de capital estrangeiro no país
O dólar segue ampliando a desvalorização ante o real nesta quinta-feira, 24, com a entrada de capital estrangeiro no país em meio à pressão sobre commodities, sobretudo o petróleo, e a expectativa de juros mais altos. Por volta das 10h30, o câmbio registrava queda de 0,3%, a R$ 4,831. A divisa chegou a ser negociada na mínima de R$ 4,802, enquanto a máxima não passou de R$ 4,840. O dólar fechou a véspera com forte queda de 1,45%, a R$ 4,844, a menor cotação desde 13 de março de 2020, quando encerrou a R$ 4,816. Foi o sexto dia seguido de desvalorização ante a moeda brasileira. O Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, operava com queda de 0,1%, aos 117.302 pontos. O pregão desta quarta-feira, 23, encerrou com leve alta de 0,1%, aos 117.457 pontos.
Os mercados seguem na expectativa do anúncio de novas sanções à Rússia pelos Estados Unidos e aliados da Europa. O presidente norte-americano, Joe Biden, aterrissou nesta quarta-feira em Bruxelas para uma série de encontros com líderes europeus. Segundo autoridades dos EUA, o grupo deve aumentar os embargos às exportações russas em resposta ao recrudescimento dos combates no Leste Europeu. A invasão da Ucrânia pelo vizinho completa um mês nesta quarta-feira, sem sinalizações de acordos para cessar-fogo. A Rússia é o segundo maior exportador de petróleo no mundo, e o temor de desabastecimento com as sanções geram nova pressão sobre os preços. O barril do tipo Brent, usado como referência na maior parte do mundo, operava acima dos US$ 120, enquanto o WTI, base do mercado dos EUA, era cotado na casa de US$ 114.
O clima ficou ainda mais carregado após a Rússia anunciar a interrupção do fluxo no oleoduto de Caspian Pipeline Consortium (CPC), entre o território russo e o Cazaquistão, após uma tempestade atingir a região. Segundo autoridades, o quadro pode tirar de circulação até 1 milhão de barris por dia — o equivalente a 1% de toda a produção global. A valorização das commodities atrai investidores estrangeiros para a Bolsa brasileira, predominantemente dominada por empresas ligadas à exploração energética e de minérios.
No cenário doméstico, o Banco Central (BC) divulgou nesta manhã que a inflação deve encerrar 2022 com alta de 7,1%. Em um cenário alternativo e visto como mais provável, a variação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fecharia o ano com avanço de 6,3%. Nos dois casos, a inflação fica acima do teto da meta deste ano, com centro de 3,5% e limites de 2% e 5%. Caso se confirme, será o segundo ano seguido que a inflação passa do limite máximo estipulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Em 2021, o IPCA encerrou em 10,06%, quase o dobro do limite de 5,25%. O BC promove uma série de apertos na taxa de juros para buscar trazer o índice para baixo, e subiu a Selic de 10,75% para 11,75% na semana passada. A autoridade contratou nova alta de 1 ponto percentual para o encontro agendado para maio, mas deixou a “porta aberta” para altas mais significativas.