De goleiro a escritor, Aranha luta contra o racismo e a discriminação
Na tarde desta quinta-feira, 12 de agosto, o prefeito Dário Saadi recebeu em seu gabinete o ex-goleiro Aranha, que jogou na Ponte Preta e no Santos e agora está partindo para uma nova atividade: a de escritor. Aranha acaba de lançar o livro “Brasil Tumbeiro”, que fala sobre sua militância anti racista, e entregou ao prefeito um exemplar autografado.
Desde que encerrou a carreira de goleiro de futebol, em 2018, Mário Aranha, se dedica, exclusivamente, ao trabalho que já desenvolvia nos tempos de atleta: o combate ao racismo. Entre palestras e lives, achou tempo para colocar no papel sua experiência, as histórias e personagens que encontrou em anos de mergulho na causa, e agora partiu para a divulgação de seu primeiro livro sobre o assunto.
“Foi importante receber um ex-atleta aqui da cidade, agora um escritor que fala da questão histórica da escravidão dos negros do Brasil”, disse o prefeito. “Brasil Tumbeiro” narra a história do negro no Brasil do ponto de vista do negro, define o autor. A história, conta, vai além da violência dos milhões de negros escravizados e retirados à força do continente africano e chega à periferia das grandes cidades, onde jovens negros e afrodescendentes enfrentam desafios, violência e discriminação. “E mostra que no Brasil de tantos heróis e heroínas negros, a desigualdade e o racismo se aliaram à falta de memória”, resume.
Aranha também visitou a Secretaria de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas e presenteou a secretária, Eliane Jocelaine, com seu novo livro. “Nossa proposta é que a gente possa discutir a política afirmativa na Prefeitura de Campinas de forma ampla. Para além de cotas, construir caminhos para que pessoas negras, mulheres, pessoas com deficiência, pessoas LGBTs ocupem cargos de liderança. E isso se conecta muito com o trabalho que o Aranha está fazendo e com seu novo livro”, apontou a secretária.
Avaliando a contribuição do ex-goleiro para dar repercussão à discussão desses temas, Eliane acrescentou: “você trazer esse conhecimento de forma palatável e com uma fácil identificação pelas pessoas negras, você causa uma revolução de identidade”.
Falando do livro, Aranha reflete: “se você tira o sonho, se você tira a referência dos jovens, eles não veem perspectiva. Por isso que enxergam só futebol, ou a música. Mas se ele não tem talento para o futebol ou a música, o que sobrava? Não sobrava nada e a pessoa se contentava com o que tinha. No livro, eu tentei resgatar, no mínimo de páginas possível, toda a história do Brasil com a participação negra, dando referências, contando de uma maneira mais justa”. E finaliza: “conto o porquê da escravidão, como ela chegou até aqui. Tentei abordar do início da escravidão até os dias de hoje”.