Constantino: Privatização é caminho para salvar Petrobras da politicagem
Reajuste anunciado pela estatal e falas de Bolsonaro sobre interferência na empresa foram tema de comentário no programa ‘3 em 1’ desta segunda-feira, 8
A Petrobras anunciou que a partir desta terça-feira, 9, os preços dos combustíveis sofrerão aumento, acarretando em um reajuste de 8,2% na gasolina, de 6,2% no diesel e 5,1% o gás de cozinha. Na última sexta-feira, 6, a empresa informou que a janela para verificação de aumento dos preços domésticos ao mercado internacional passou de trimestral para anual. No domingo, outro comunicado no qual a petroquímica afirma que a política de preços não foi alterada também foi divulgado. Segundo a Petrobras, o novo aumento de preços tem como referência os preços de paridade de importação, acompanhando as variações do mercado internacional e da taxa de câmbio. Após o anúncio da estatal, o presidente Jair Bolsonaro disse que vai se reunir novamente com a equipe econômica do governo para tomar uma decisão sobre a medida e baixar o valor do PIS/Confins. Ele disse, ainda, que não tem influência sobre a Petrobras e que não quer ser ditador, pois há uma série de leis a serem cumpridas. “Vai ser uma chiadeira com razão? Vai. Eu tenho influência na Petrobras? Não”, afirmou. As polêmicas em torno da Petrobras foram tema de debate entre os comentaristas do programa “3 em 1”, da Jovem Pan, nesta segunda-feira, 8.
Rodrigo Constantino afirmou que sempre vai aplaudir a redução de impostos quando ela vier acompanhada do corte de gastos do estado brasileiro. “O estado brasileiro é hipertrofiado, tem muitos privilégios, tem que reduzir imposto e reduzir gastos. Daí a importância das reformas”, afirmou. Ele lembrou que o preço do petróleo está defasado, mas que o modelo de compra precisa ser transparente, automático e sem ingerência política. “A fala do presidente Bolsonaro vai nessa linha. Para quem andou sendo comparado por ala da imprensa com o Lula, até que o Bolsonaro tem se mostrado muito mais parecido com o Reagan, ou com Thatcher nesse aspecto, reafirmou a importância do ministro Guedes para a área econômica e já repetiu várias vezes isso: ‘vai ter chiadeira? Vai. É legítimo? É, mas eu não vou fazer nada, não sou ditador, presidente tem que respeitar as regras do jogo e por aí vai’, é uma postura muito firme e muito corajosa, até, porque vai na contramão do que seria um populismo, uma demagogia”, afirmou. Ele lembra que o fato da Petrobras ser uma estatal faz essa pressão ser aplicada ao governo. “Se fosse uma empresa privada, no livre mercado, não haveria esse tipo de pressão. É essa a raiz do problema: enquanto a Petrobras for uma estatal, vai haver pressão para politização da sua gestão”, garante.
Para Diogo Schelp, o presidente tem razão quando diz que a responsabilidade na estatal não é dele. “Não se espera do presidente da república que se faça ingerências na Petrobras como já aconteceu no passado, com grandes prejuízos para a empresa”, afirmou. Ele lembra que concorrentes da empresa que também importam combustível chegaram a se queixar de que os preços praticados hoje pela empresa estão abaixo do valor internacional. “O que o Bolsonaro pode fazer, e é o que ele está cogitando, é reduzir imposto para puxar os preços da bomba para baixo. Como o imposto, no caso do ICMS, é estadual, o governo pretende mudar a maneira de cobrar o imposto, já que não pode mexer na alíquota”, explicou. Schelp lembrou, porém, que em caso de redução de impostos sempre é necessário compensar a cobrança em outro ponto. “É aquela história do cobertor curto: ou cobre os ombros e fica com os pés de fora, ou cobre os pés e fica com os ombros de fora”, disse. Ele lembra que não só a pressão dos caminhoneiros, como também a pressão inflacionária no país.
Marc Sousa afirmou que, à sua maneira, Bolsonaro deu uma aula de responsabilidade econômica ao falar com apoiadores, já que o petróleo é regulado pelo mercado internacional e o mundo vive uma alta no preço do insumo. “É amargo? É. Mas é melhor que a Petrobras aja assim, porque se a companhia ficar suportando aumentos, como acontecia nos governos do PT, uma hora o rombo vai ser ainda maior e quem vai pagar a conta é o pagador de impostos, como sempre, porque estatal é aquilo: quando dá lucro, ninguém sabe para onde vai o dinheiro, mas quando dá prejuízo, pode ter certeza que é você que vai pagar a conta”, disse. Ele lembrou que quase metade do preço da gasolina é composto por impostos, 30% disso é voltado aos governos estaduais e que um pacto entre governo federal e estados é um caminho a ser seguido, mas não parece ser bem aceito pelos representantes das unidades federativas.