Constantino: Plataformas como YouTube censuram e perseguem apenas a direita

Suspensão da conta do ‘Terça Livre’ do YouTube foi tema de debate entre os comentaristas do programa ‘3 em 1’, da Jovem Pan, nesta quinta-feira, 4

Um contrato publicado no Diário Oficial da União desta quinta-feira, 4, determina o pagamento de R$ 359.502,00 em um acordo feito sem concorrência por serviços técnicos de manutenção com a suposta empresa de um dos sócios ocultos do site “Terça Livre”, Bruno Ricardo Costa Ayres. O empresário já foi ouvido pela Polícia Federal no inquérito que investiga organização e financiamento de atos contra o Supremo Tribunal Federal e o serviço prestado pela marca dele foi considerado pelo governo como imprescindível para a continuidade das atividades integradas entre governo e sociedade civil. A informação, do G1, foi divulgada no mesmo dia em que o canal do Youtube do Terça Livre foi retirado do ar pela plataforma com a justificativa de violação dos termos de serviço. A polêmica em torno da contratação da empresa e da suspensão do canal foi tema de debate entre os comentaristas do programa “3 em 1”, da Jovem Pan, nesta quinta-feira, 4.

Rodrigo Constantino considerou a suspensão do canal como um “absurdo” e pontuou que o argumento de que empresas privadas têm direito de silenciar as contas é frágil, já que grandes sites como o YouTube e o Twitter cresceram como plataformas neutras. “É como uma empresa de telefonia começar a dizer que você pode ou não pode ligar. São praças públicas da era moderna que estão censurando e perseguindo a direita. Não há nada parecido e análogo à esquerda. Você pode destilar ódio e teorias conspiratórias. Se estiver do lado certo e pertencer ao clubinho, tem salvo conduto; se for do outro lado e contestar a OMS já pode levar strike. Eu levei dois por isso”, afirmou. Para ele, a punição só é aplicada contra “qualquer um que desvie uma vírgula da cartilha politicamente correta, pseudo-científica dos progressistas atualmente”. Constantino analisou que os jornalistas que comemoram o banimento de Allan dos Santos têm pouco apreço pela liberdade de expressão e relativizou o valor de R$ 300 mil recebido pela empresa, se questionando como seria o país se, na era do PT, o mesmo escrutínio fosse feito com gastos desse tamanho. “Nada se compara àquela blogosfera criada com recursos públicos do PT. Mesmo assim, eu acho que tem que ter escrutínios. Sou contra [a contratação do modo como foi feita]”, opinou.

Marc Sousa também considerou o banimento do canal como “censura” e disse que, mesmo tendo críticas contra Allan dos Santos, não acha aceitável ceifar alguém de dar a sua opinião no mundo. “É a liberdade. Ele fala o que entende ser correto e as pessoas escolhem assistir ele ou não”, pontuou. Para ele, a desculpa de “violação de termos e serviços” é vaga e não justifica os motivos reais pelo qual o canal foi retirado do ar. “São empresas que se forjaram numa neutralidade e monopolizaram o serviço de tal forma que outras redes sociais que querem oferecer o serviço no mercado, não conseguem se estabelecer”, afirmou. O comentarista também defendeu a teoria de que só a direita é perseguida pelas empresas de comunicação: “Eu desafio aqui você achar algum canal que fale bem do Lula que foi retirado do ar por algum motivo semelhante”, pontuou. Para ele, a história envolvendo o “sócio oculto” do Terça Livre é legal aos olhos da lei, mas deve ser considerada como “estranha” e tratada com lupa.

Diogo Schelp lembrou que contratos sem licitação são grandes oportunidades para favorecer amigos e esquemas de corrupção e questionou se somente essa empresa seria capaz de fornecer o serviço para o governo. Ele lembrou que a existência de blogs pró-governo não é algo exclusivo dos bolsonaristas. “Todo governo sonha em ter apenas mídia a favor. Bolsonaro sonha com mídia a favor, assim como os governos do PT sonhavam com uma mídia a favor. A imprensa profissional e independente incomoda porque se dedica a escarafunchar e apontar problemas na gestão do poder público”, pontuou. Segundo ele, nos tempos do PT a verba publicitária do estado era direcionada para blogs de esquerda, que ganhavam mais em relação à audiência do que veículos maiores. O jornalista viu a derrubada do canal do YouTube como uma “grande discussão sobre liberdade de expressão no Brasil e no exterior” e lembrou que teorias conspiratórias são parte de vários canais da plataforma, não só do Terça Livre. “A princípio eu sou contra a retirada desse tipo de conteúdo, acho que deve valer a liberdade de expressão quando se trata de questões políticas, há não ser que tenham sido cometidas falhas graves, como incitação à violência ou suicídio”, afirmou.

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