Campos Neto: ‘Efeito positivo na inflação é fruto de medidas do governo’
O Banco Central (BC) não pensa em queda de juros neste momento, pensa em convergir a inflação, disse na segunda-feira 5 o presidente do BC, Roberto Campos Neto. Ele ressaltou que a situação inspira cuidados e que a batalha contra a alta de preços no país não está ganha.
De acordo com a autoridade monetária, grande parte do efeito positivo observado recentemente nos dados de inflação é fruto de medidas do governo federal. Com isso, o BC vai manter a atual estratégia apresentada em agosto pelo Comitê de Política Monetária (Copom), de que seguirá vigilante e analisará um possível ajuste final na taxa Selic neste mês.
“A gente tem comunicado que não pensamos em queda de juros neste momento. A gente pensa em finalizar o trabalho. Finalizar o trabalho significa convergir a inflação”, disse, durante um evento promovido pelo jornal Valor Econômico.
O presidente do BC afirmou também que a inflação acumulada em 12 meses atingiu o pico no Brasil e começou a melhorar, impactada pelas medidas de cortes de tributos. “Ainda tem elementos de preocupação grande, e a mensagem é que a gente precisa combater esse processo entendendo que a gente vai passar por três meses de deflação, muito provavelmente, mas que a batalha não está ganha”, afirmou.
Em agosto, o BC aumentou a taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual, a 13,75% ao ano, e indicou estar perto do fim do agressivo ciclo de aperto monetário para controlar a inflação no país.
Campos Neto ainda disse que o Copom precisará se debruçar sobre dados do mercado de trabalho no país, que tem registrado surpresas positivas, com possível redução do espaço para expansão sem gerar pressões inflacionárias. O presidente do BC voltou a dizer que o mercado tem entendimento de que o trabalho da autoridade monetária no manejo da taxa de juros para controlar a inflação “basicamente já está feito”, já esperando uma queda de juros à frente.