Brasil registra queda no índice de democracia em 2024
Dos 24 países da região cobertos pelo índice, 17 obtiveram uma pontuação pior do que no ano anterior (liderados por Jamaica, Colômbia e Brasil), e outros cinco melhoraram, com destaque para República Dominicana e México, enquanto dois permaneceram iguais.
Os únicos dois países classificados como “democracias plenas” da América Latina foram o Uruguai, na 15ª posição (com uma pontuação de 8,67), e Costa Rica, na 18ª (8,29), ambos com uma queda de uma posição em relação a 2023.
Entre as “democracias defeituosas” da região, o Chile ocupa o primeiro lugar, na 29ª posição, uma posição atrás dos EUA, enquanto o Panamá está em 47º e a Argentina, em 54º.
O Paraguai caiu este ano para a categoria de “regime híbrido” após ter sido brevemente classificado como “democracia defeituosa” em 2023, devido à nova legislação que restringe a liberdade das ONGs no país.
Por sua vez, Cuba, Venezuela e Nicarágua são considerados “regimes autoritários”.
Na opinião de The Economist, a “fraca” cultura política predominante na América Latina frequentemente se expressa no apoio a líderes autoritários que prometem soluções simples para problemas complexos e, ao mesmo tempo, enfraquecem os contrapesos institucionais.
Por sua vez, os Estados Unidos são considerados uma “democracia defeituosa” ao ocupar, em 2024, a 28ª posição, sem mudanças em relação ao ano anterior no Índice de Democracia.
“Resta saber se os controles e contrapesos históricos continuarão vigentes e servirão para melhorar ou piorar a classificação dos Estados Unidos em 2025”, indicou a publicação.
Panorama global: nova queda
Pelo décimo sexto ano consecutivo, a Noruega aparece como o país mais democrático, com uma pontuação de 9,81. Nova Zelândia e Suécia completam o pódio. No outro extremo, o Afeganistão tem a menor pontuação desde 2021, com 0,25 pontos.
A maior mudança foi a de Bangladesh, que caiu 25 posições. The Economist considera que “reconstruir a democracia lá será uma tarefa enorme após a derrubada de Sheikh Hasina, a governante autocrática do país por muito tempo”. Há uma esperança com a chegada de um governo tecnocrático temporário, liderado por Muhammad Yunus, prêmio Nobel da Paz, razão pela qual Bangladesh foi nomeado “país do ano” em 2024.
No entanto, o panorama global está cada vez menos democrático: a média mundial caiu para um novo mínimo histórico de 5,17, quase uma década após o máximo de 5,55 alcançado em 2015. Apenas 6,6% da população vive em uma “democracia plena”, frente a 12,5% de dez anos atrás. Atualmente, dois em cada cinco habitantes vivem sob um regime autoritário.
As farsas eleitorais se multiplicaram. No Paquistão, por exemplo, no meio da violência, o político mais popular, Imran Khan, foi encarcerado, cujas credenciais democráticas também são altamente questionáveis. Na Rússia, Putin selou seu quinto mandato como presidente, mas obteve apenas dois pontos no índice. A Venezuela foi outro exemplo de fraude, cometida pelo chavismo de Nicolás Maduro, que se recusou a aceitar uma derrota diante de uma oposição liderada por Edmundo González Urrutia e María Corina Machado. Em outros países, como Burkina Faso, Mali e Catar, as eleições foram canceladas por completo.