Bolsonaro oferece asilo a padres perseguidos da Nicarágua
No discurso que fez, nesta terça-feira (20) na Assembleia Geral da ONU, o presidente Jair Bolsonaro (PL) convidou os religiosos perseguidos pelas autoridades da Nicarágua a se refugiarem no Brasil.
Bolsonaro, que, como presidente brasileiro, seguindo a tradição da ONU, foi o primeiro entre os chefes de Estado e de governo a se pronunciar na Assembleia Geral, condenou a perseguição religiosa em todo o mundo, citando em particular o caso da Nicarágua.
– Quero aqui anunciar que o Brasil abre suas portas para acolher os padres e freiras católicos que têm sofrido cruel perseguição do regime ditatorial da Nicarágua. O Brasil repudia a perseguição religiosa em qualquer lugar do mundo – declarou Bolsonaro.
Em 2022, alguns religiosos católicos foram presos na Nicarágua, cujo governo também ordenou o fechamento de oito emissoras de rádio e três de televisão católicas, além de operações de busca e apreensão em igrejas e a expulsão das missionárias da ordem de Madre Teresa de Calcutá.
Um dos casos com maior repercussão internacional foi a prisão do bispo Rolando Álvarez, um forte crítico do governo do presidente Daniel Ortega.
Bispo da diocese de Matagalpa e administrador apostólico da diocese de Estelí, ambas no norte da Nicarágua, ele foi levado por policiais, na madrugada de 19 de agosto, junto com quatro sacerdotes, dois seminaristas e um cinegrafista.
A Polícia Nacional, dirigida por Francisco Díaz, consogro de Ortega, acusa Álvarez de tentar “organizar grupos violentos”, supostamente “com o objetivo de desestabilizar o Estado nicaraguense e atacar as autoridades constitucionais”.
Além da Nicarágua, Bolsonaro também usou o discurso na ONU para criticar a Venezuela, referindo-se aos “irmãos e irmãs venezuelanos forçados a deixar seu país” por causa da crise.
Ele afirmou que cerca de 350 mil venezuelanos já foram recebidos no Brasil e que outros continuam a chegar.
– Nos últimos meses, chegam por dia ao Brasil, a pé, cerca de 600 venezuelanos, a grande maioria dos quais mulheres e crianças pesando em média 15 quilos a menos do que antes, fugindo da violência e da fome – afirmou.