Bolsonaro diz que não chamou Covid-19 de ‘gripezinha’: ‘Não existe vídeo ou áudio meu falando dessa forma’
Expressão foi repetida duas vezes no mês de março; em transmissão ao vivo nesta quinta-feira, 26, presidente voltou a afirmar que não tomará vacina contra o coronavírus: ‘É um direito meu’.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quinta-feira, 26, que a mídia manipulou uma declaração sua sobre a Covid-19 feita no início da pandemia. Segundo ele, não há “nenhum áudio ou vídeo” seu chamando a doença de “gripezinha”. “Falei lá atrás que, no meu caso, pelo meu passado de atleta — eu não generalizei — se pegasse o Covid, não sentiria quase nada. Foi o que eu falei. Então, o pessoal da mídia, a grande mídia, falando que eu chamei de ‘gripezinha’ a questão do Covid. Não existe um vídeo ou um áudio meu falando dessa forma. E eu falei pelo meu estado atlético, minha vida pregressa, tá? Que eu sempre cuidei do meu corpo. Sempre gostei de praticar esporte”, disse em transmissão ao vivo pelas redes sociais, acompanhado do ministro da Educação, Milton Ribeiro, e do secretário de Alfabetização do Ministério da Educação, Carlos Nadalim.
A fala, no entanto, aconteceu no dia 20 de março durante uma entrevista no Palácio do Planalto. Ao responder sobre seu estado de saúde e da necessidade de realizar um terceiro exame para Covid-19, Bolsonaro respondeu que “depois da facada, não seria uma gripezinha” que o “derrubaria”. Ele repetiu, ainda, a declaração quatro dias depois, em um pronunciamento feito em rede nacional. “Por que fechar escolas? Raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos, a maior parte de nós nem terá sintomas fortes. Precisamos evitar passar o vírus para nossos pais e avós respeitando as orientações da OMS”, disse. “Eu, caso fosse contaminado, pelo meu histórico de atleta, não precisaria me preocupar, nada sentiria, seria acometido por uma ‘gripezinha’ ou ‘resfriadinho’”, disse na ocasião.
Vacinas
O presidente voltou, ainda, a fazer declarações polêmicas sobre a vacina contra o coronavírus e criticar o governador de São Paulo, João Doria, com quem tem travado um debate acerca do assunto. Em resposta as perguntas dos comentaristas do programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, Bolsonaro disse que, se houver uma vacina para a Covid-19 no Brasil, mesmo se for aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ele “não irá tomar”. “É um direito meu, e tenho certeza que o Parlamento não vai me obrigar. Se ela for duradoura, confiável, e eu não tomar, está fazendo mal pra mim mesmo. Quem não tomou que se preocupe, quem tomou está protegido”, afirmou. Ele criticou também a derrubada do veto que havia feito pelo Congresso Nacional que definiu que a Anvisa deverá liberar medicamentos e insumos médicos contra a Covid-19 em até 72 horas. “A Anvisa é independente, não adianta ‘governadorzinho’ ficar criticando a Anvisa”, disse, referindo-se a João Doria. “Hoje a Anvisa é uma aula de patriotismo, humanismo, amor ao próximo no tocante ao vírus. Agora essa lei não compete a mim interferir nisso”, continuou.
Porém, apesar da postura contrária à vacina, Bolsonaro garantiu que o imunizante que for certificado pela agência regulatória será adquirido pelo governo federal e disponibilizado à população de forma gratuita e voluntária. “Uma vez certificado pela Anvisa, qualquer medicamento ou vacina, imediatamente providenciaremos a compra. O programa de vacinação está praticamente pronto”, afirmou. Sobre a denúncia de que o Brasil corre o risco de perder, por data de validade, 6,86 milhões de testes para diagnóstico do novo coronavírus, os chamados RT-PCR, o presidente esclareceu que os exames “serão usados”, mas estão parados “porque não teve pedidos”. “Tem até município que quer, mas não tem efetivo para aplicar aquilo”, disse. Em audiência da Comissão Externa de Enfrentamento à Covid-19 nesta quarta-feira, o secretário de vigilância em saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia Medeiros, afirmou que a pasta recebeu um documento da Organização Panamericana de Saúde (Opas) informando que a estabilidade estendida dos exames RT-PCR adquiridos pelo ministério seriam de pelo menos 12 meses.