Dep. Carla Zambelli pede investigação internacional e cassação do registro do Partido dos Trabalhadores
A deputada federal Carla Zambelli solicitou à Procuradoria Geral Eleitoral urgente investigação sobre a denúncia de envolvimento do ex-presidente Lula e do PT no recebimento de recurso financeiro ilegal de origem estrangeira. Ela requer a cassação do Partido dos Trabalhadores conforme estabelece a Lei dos Partidos Políticos.
Segundo ela, a denúncia supervisionada pelo magistrado espanhol Manuel García-Castellón, representa “graves implicações à soberania nacional” e, caso confirmada, acarretará a necessidade de cassação do registro do PT, baseado no artigo 28 da Lei 9.096/1995, o qual determina o cancelamento do registro civil e do estatuto de Partido por “ter recebido ou estar recebendo recursos financeiros de procedência estrangeira; estar subordinado a entidade ou governo estrangeiros”.
No documento apresentado à PGE, a parlamentar informa que, em setembro de 2021, foi preso na Espanha o general aposentado venezuelano Hugo “El Pollo” Carvajal, que atuou como chefe da Direção Geral de Contra-espionagem Militar da Venezuela entre 2004 e 2011 (mandato de Hugo Chávez)”.
“Na última segunda-feira, 18 de outubro, o jornal espanhol on-line Okdiario trouxe à tona documentos sigilosos que mostram que ‘El Pollo’ busca colaborar com as autoridades espanholas, delatando, de forma detalhada, o envio ilegal de recursos financeiros do regime venezuelano ao partido espanhol Podemos”.
Dentre os delatados está o ex-presidente Lula como um dos destinatários de dinheiro da ditadura venezuelana.
“El Gobierno venezolano ha financiado ilegalmente movimientos políticos de izquierda en el mundo durante al menos 15 años, entre ellos financió la creación del partido político español Podemos Mientras fui director de Inteligencia y Contrainteligencia Militar de Venezuela, recibí una gran cantidad de reportes señalando que este financiamiento internacional estaba ocurriendo”, diz a matéria. “Ejemplos concretos, son: Néstor Kirchner en Argentina, Evo Morales en Bolivia, Lula Da Silva en Brasil, Fernando Lugo en Paraguay, Ollanta Humala en Perú, Zelaya en Honduras, Gustavo Petro en Colombia, Movimiento Cinco Estrellas en Italia y Podemos en España. Todos estos fueron reseñados como receptores de dinero enviado por el Gobierno venezolano”, prossegue o jornal.
Para Carla Zambelli, a acusação de El Pollo “de que Lula e, presumivelmente, o PT teriam recebido dinheiro do regime chavista — é verossímil, gravíssima e demanda uma apuração profunda pelas autoridades brasileiras”.
Interferência Internacional
Há também suspeitas de um fluxo bidirecional de recursos. Em acordo de colaboração celebrado com o Ministério Público Federal, Monica Regina Cunha Moura afirmou ter recebido, “por fora”, US$ 11 milhões pela campanha do então presidente Hugo Chávez à reeleição, em 2012 . São notórios os vínculos de Monica Moura e do marido, João Cerqueira de Santana Filho, com o Partido dos Trabalhadores, tento o publicitário atuado nas campanhas presidenciais de Lula, em 2006, e de Dilma Rousseff, em 2010 e 2014.
Carla Zambelli lembra que, em comemoração ao 15 anos do Foro de São Paulo, em julho de 2005, Lula admitiu interferir diretamente na política interna da Venezuela, “com o fim de manter seu aliado Hugo Chávez no poder. E o pior: à margem de qualquer fiscalização do Congresso, do Ministério Público, da imprensa brasileira e da opinião pública”.
Segue o discurso de Lula:
“E eu queria começar com uma visão que eu tenho do Foro de São Paulo. Eu que, junto com alguns companheiros e companheiras aqui, fundei esta instância de participação democrática da esquerda da América Latina, precisei chegar à Presidência da República para descobrir o quanto foi importante termos criado o Foro de São Paulo.
E digo isso porque, nesses 30 meses de governo, em função da existência do Foro de São Paulo, o companheiro Marco Aurélio tem exercido uma função extraordinária nesse trabalho de consolidação daquilo que começamos em 1990, quando éramos poucos, desacreditados e falávamos muito.
Foi assim que nós, em janeiro de 2003, propusemos ao nosso companheiro, presidente Chávez, a criação do Grupo de Amigos para encontrar uma solução tranqüila que, graças a Deus, aconteceu na Venezuela.
E só foi possível graças a uma ação política de companheiros. Não era uma ação política de um Estado com outro Estado, ou de um presidente com outro presidente. Quem está lembrado, o Chávez participou de um dos foros que fizemos em Havana. E graças a essa relação foi possível construirmos, com muitas divergências políticas, a consolidação do que aconteceu na Venezuela, com o referendo que consagrou o Chávez como presidente da Venezuela.
Foi assim que nós pudemos atuar junto a outros países com os nossos companheiros do movimento social, dos partidos daqueles países, do movimento sindical, sempre utilizando a relação construída no Foro de São Paulo para que pudéssemos conversar sem que parecesse e sem que as pessoas entendessem qualquer interferência política.”