Fase vermelha deve agravar a situação de bares e restaurantes na região, afirma Abrasel
Entidade prevê maiores dificuldades de bares e restaurantes com o aumento das restrições
As novas medidas de restrições anunciadas nesta sexta-feira (22) pelo Governo do Estado de São Paulo para enfrentar o avanço da pandemia – como fechamento do comércio às 20h nos dias de semana e Fase Vermelha aos finais de semana –, por duas semanas, devem agravar ainda mais a situação de bares, restaurantes e padarias na região. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes da Região Metropolitana de Campinas (Abrasel RMC) calcula que centenas de estabelecimentos do setor podem fechar as portas ao longo dos próximos meses, com novas demissões, por conta das imposições de abertura e queda no faturamento.
A proibição de abertura de bares e restaurantes aos finais de semana, sem nenhum critério ou comprovação científica de que estes locais sejam transmissores do vírus, está levando o setor ao colapso. De março de 2019 até o momento, cerca de 4,2 mil bares e restaurante – 80% deles de pequenos empresários – fecharam as portas e 15 mil pessoas foram demitidas na RMC.
Este quadro deve agravar-se ainda mais com as novas restrições. O movimento e faturamento nos restaurantes e bares às sexta, sábado e domingo representam 60% para quem funciona diariamente com almoço e jantar e até 100% para quem abre apenas aos finais de semana. Já o movimento noturno nas casas – incluindo os dias de semana – responde por 54% do consumo do setor de alimentação fora do lar. Por outro lado, a venda por delivery corresponde a apenas 20% do faturamento, percentual insuficiente para pagar despesas, salários, impostos e aluguel.
Com a pandemia, o setor de alimentação fora do lar na RMC vem trabalhando desde o segundo semestre de 2020 com 60% das vendas, com perda de R$ 2,374 bilhões em faturamento acumulado no ano passado.
Um levantamento feito entre 24 de dezembro e 4 de janeiro também dá uma dimensão da crise no setor: 57% dos estabelecimentos não conseguiram pagar em dia despesas com impostos, aluguel, salários e fornecedores. Entre eles, 63% estão em atraso com o Simples Nacional. Apenas 19% estão funcionando como bufê, enquanto 76% estão com salão aberto e outros 16% atuam apenas com delivery ou retirada no local.
Para a Abrasel RMC, o governador do Estado de São Paulo vem acumulando sucessões de erros desde março do ano passado na tentativa de controlar o avanço da pandemia. Medidas como proibição de atendimento presencial pelo comércio por 140 dias em 2020 e de vendas nos finais de semana no final do ano passado foram não funcionam para conter o avanço da Covid-19, e ainda incentivaram as festas clandestinas, que não tem os protocolos de segurança utilizados pelo setor.
“Toda vez que o governador suprime os direitos das pessoas de convívio social ele perde o controle da pandemia. Nos meses subsequentes em que os bares e restaurantes abriram após 140 dias fechados, houve redução dos casos, justamente pelas regras rígidas de segurança adotadas pelo setor. Nos meses que houve mais restrições os casos dispararam”, ressalta Matheus Mason, presidente da Abrasel RMC.
Ao mesmo tempo em que fala de aumento de casos, o Estado desativou milhares de leitos destinados à Covid-19 ao longo do ano passado, além de fechar hospitais de campanha na própria Capital e Campinas. “Não existe coerência entre as medidas e a prática por parte do Governador, que tem tomado decisões erráticas, com mudanças em cima de hora, deixando as empresas com o prejuízo, além de penalizar fortemente um setor específico, como bares e restaurantes, levando à morte milhares de empresas e empregos. Além de persistir nos erros, ainda impõe força e ameaça prefeitos contrários à suas decisões erradas”, conclui.