Própolis reduz tempo de internação de pacientes com Covid-19, aponta estudo da USP

Os resultados, publicados como preprint em janeiro na MedRxiv, ainda não foram revisados por pares e, por isso, não devem ser usados para orientar a prática clínica

Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Apis Flora apontou redução no tempo de permanência hospitalar de pacientes com Covid-19 que ingeriram própolis durante internação. O ensaio clínico, liderado pelo pesquisador Marcelo Silveira, contou com 124 participantes do Hospital São Rafael em Salvador, na Bahia. Todos os pacientes fizeram o tratamento padrão, sendo que 40 pessoas receberam 400 mg/dia de própolis; 42 receberam 800 mg/dia de própolis; e 42 não receberam própolis.

A pesquisa, intitulada Efficacy of propolis as an adjunct treatment for hospitalized COVID-19 patients: a randomized, controlled clinical trial, aponta que o uso da substância pode ser promissor na interferência na expressão de TMPRSS2, que é uma proteína da superfície celular que está envolvida na entrada e disseminação do SARS-CoV-2 no corpo humano. Além disso, a substância pode interferir na ancoragem do vírus no ACE2, que é uma proteína que auxilia a entrada do vírus nas células. “A administração oral da substância foi segura, pois não houve eventos negativos associados ao uso. Além disso, a diminuição do tempo de internação após a intervenção foi significativa. O grupo controle, que não ingeriu própolis, ficou 12 dias hospitalizado após o início do tratamento. Já os grupos que receberam doses mais baixas e mais altas ficaram, respectivamente, 7 e 6 dias internados”, contou o professor David de Jong da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e um dos autores do estudo.

De acordo com os pesquisadores, o próximo passo será a realização de um ensaio clínico duplo cego com placebo, envolvendo um grupo maior de pacientes. “Também iremos fazer análises de outros parâmetros, incluindo os anticorpos contra o vírus desenvolvidos pelo paciente. Além disso, o conhecimento adquirido através desta pesquisa abre perspectiva do uso do EPP-AF em outras doenças com potencial inflamatório”, explicou Jong ao site da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Os resultados, publicados como preprint (pré-publicação) em janeiro na MedRxiv, ainda não foram revisados por pares e, por isso, não devem ser usados para orientar a prática clínica.

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