Agências 360 graus: será que realmente existem?

Há um termo no universo das agências de Marketing atualmente que já passou pelo clichê e hoje tangibiliza com o descrédito: estou falando da atuação 360 graus. O conceito remete – ou deveria – a uma oferta completa e eficaz de soluções, indo do planejamento, passando pela oferta de canais, execução até chegar ao monitoramento dos resultados. Mas, em uma era de especialistas digitais, congregar e convergir parecem ser verbos cada vez mais difíceis de ser conjugados ao mesmo tempo.

Que empresa não gostaria de ter apenas um interlocutor para todos os seus desafios de Marketing? Mas hoje, é preciso ter uma agência de branding, outra de social media, outra de tech, mais uma de performance; ainda tem a de SEO, sem contar aquelas que manejam soluções mais offline, principalmente nos pontos de venda. E nenhuma delas oferece uma solução integrada com a equipe de vendas, o que complica ainda mais o atingimento de resultados.

O gestor de Marketing precisa congregar todo mundo e fazer diferentes pessoas e interpretações usarem a mesma voz e o tom adequado. “É possível isso, Arnaldo?” – parafraseando o icônico locutor Galvão Bueno.

Possível é. Encontrar essa solução em abundância? Definitivamente, não. Mas quando se encontra é como se todas as peças do quebra-cabeça começassem a se encaixar de forma leve e suave. Cada agência deveria prezar pela diversidade de conhecimento, gênero, de raça, mas também etária.

Dia desses, nosso time recebeu um desafio de uma grande empresa alimentícia. Após um rebranding, era preciso se comunicar no mundo digital de forma mais envolvente e fácil com clientes atuais e potenciais. Era “apenas” um job de comunicação, mas virou muito mais. A necessidade se tornou uma estratégia de comunicação e de relacionamento que abrangeu desde a captação de embaixadores da marca até a venda no PDV, que se conectou com as diferentes personas, com necessidades específicas. O resultado: maior fluxo de visitantes, fidelização de marca, interesse maior pelo produto e um aumento significativo pelas buscas orgânicas gerado pelos embaixadores que incrementavam esse interesse, gerando mais vendas e, consequentemente, mais retorno para a empresa.

Há cerca de três anos, uma editora nos buscou para criar uma ação que alcançasse professores do Ensino Fundamental público. O objetivo era aproximá-los e sensibilizá-los a ponto de que esses professores escolhessem a editora como a melhor opção para suas instituições. Foram diferentes canais, abordagens específicas, ativações diversificadas e um resultado estrondoso: 20 mil downloads gerados a partir de 11 milhões de impactos, aumentando em 60% a performance perante as campanhas anteriores. Isso gerou aumento nas vendas e a escolha da editora como a fornecedora oficial dos livros da rede pública de ensino.

O que tudo isso diz para as empresas e para as agências? Entender de omnichannel, utilizando uma única voz que pode ter diferentes tons para atingir os diversos públicos-alvo da empresa é essencial para alcançar resultados expressivos para seus clientes. Isso sim é oferecer soluções 360 graus, que darão aos clientes a segurança de estar atendidos em todas as frentes.

Mas encontrar essa agência requer olhar – e análise – apurado. Afinal, nem sempre ter o número “360” na marca ou slogan garante esse entendimento e pensar holístico. A visão – e conhecimento – 360 não é um amontoado de soluções e ferramentas, mas sim um pensar coletivo, que reúne competências e habilidades complementares. Por isso, conheça as pessoas antes de tomar decisões.

(*) Rafael Beraldi é Co-fundador e CMO da CMLO&CO – Agência de Marketing e Publicidade, especialista em Transformação Digital, Inovação, SEO e Economia da Inovação, essa última obtida na Universidade de Coimbra (Portugal). Contabiliza 12 anos de experiência em Marketing e Negócios.

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