Vivência na Serra do Japi une inclusão, aprendizagens e contato com a natureza
Com a visita da turma do 2º ano da Emeb Geraldo Pinto Duarte Paes à Serra do Japi marcada para a terça-feira (25), a intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) Nataniele da Silva organizou, juntamente com as crianças da turma, uma alternativa que incluísse ainda mais a participação do Luís Felipe Santos Silva. O resultado foi o álbum “Conhecendo a Serra do Japi”, encadernado de 12 páginas com as indicações dos sinais em Libras do vocabulário temático referente à visita.
“Pensei num álbum igual aos de Copa do Mundo em que, em vez de jogadores, ele pudesse colar figurinhas dos objetos identificados durante a visita e que eles já tinham trabalhado com a professora Eliane Oliveira. Além do apoio das crianças, contei com a colaboração do Leandro Ramalho, consultor surdo também da Ateal, que montou os sinais específicos para cada árvore, como embaúbas, cedros, figueiras brancas, de modo que durante a vivência eu não repetisse sempre o mesmo sinal referente à palavra árvore e enriquecesse ainda mais a experiência”, comentou a intérprete, que já acompanha o estudante desde outubro do ano passado.
A vivência à Serra do Japi faz parte do projeto Pequeno Cientista da Natureza, uma das iniciativas da Unidade de Gestão de Educação (UGE) por meio do Núcleo de Educação Socioambiental. Realizada em parceria com a Fundação Serra do Japi, a iniciativa é voltada a estudantes desta faixa etária e consiste na visita monitorada ao Centro de Referência em Educação Ambiental (Cream).
Graças ao empenho das educadoras e dos colegas, Luís Felipe guardará na memória muito do que aprendeu em contato com a natureza. “Descobri que os musgos têm aquela textura fofa porque absorvem a umidade. Aprendi também que os líquens são muito sensíveis à poluição e, por isso, aqui na serra tem muitos deles e onde eu moro há menos, pois tem muita indústria por lá. E também achei engraçado saber que a minha avó, que tem 57 anos, tem quase a mesma idade da palmeira juçara que vimos na mata, que tem 60 anos”, comentou rindo.
A vivência ao Cream começa com a participação das crianças nas estações da lupa digital e de uma maquete que demonstra o comportamento da chuva em terrenos onde a vegetação é ou não preservada. Após a pausa para o lanche, as crianças partem para uma trilha na mata, vestidos como verdadeiros cientistas exploradores, com chapéus, lupas e bolsa com prancheta e lápis para anotações. Cada parada na mata indicada pelos monitores é motivo de observação e anotações.
Sob a palmeira juçara à beira da trilha, a Aimée Ragagnin aprendeu que o coquinho da árvore serve de alimento para jacus, quando a estudante de sete anos quis compartilhar com turma que já experimentou o café torrado a partir das fezes do pássaro. “Minha vó uma vez comprou e trouxe em casa. Eu experimentei e achei muito amargo. Mas tudo bem, criança não gosta de café, quem gosta é adulto”, brincou.
A gestora de Educação, Vastí Ferrari Marques, ressaltou a importância e os resultados da iniciativa. “Ao encontro do programa Escola Inovadora, do Currículo Jundiaiense e da metodologia do ‘Desemparedamento da Escola’, esta iniciativa demonstra a perfeita interação que existe dentro da rede de apoio do estudante Luís Felipe, composta pelos profissionais da escola e da instituição que o atende – no caso, a Ateal -, sua família e a Unidade de Gestão de Educação. Somente quando há esta sinergia é possível a criação de todas as possibilidades de que a criança com deficiência precisa, tornando a Inclusão uma realidade e permitindo que o estudante possa interagir, integralmente, com todos os conteúdos e vivências propostas.”