“A democracia no Brasil caiu”, diz jurista Ives Gandra Martins
O jurista Ives Gandra da Silva Martins participou do programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan, nesta segunda-feira (3), no qual condenou as decisões do Judiciário e falou sobre liberdades de expressão e de imprensa, que, segundo ele, são os pulmões da sociedade.
Sobre as recentes polêmicas envolvendo decisões jurídicas em dissonância à liberdade de expressão no Brasil, Gandra foi comedido ao responder.
– Com o respeito enorme que tenho pelos ministros da Suprema Corte, só há um poder no Brasil que hoje está comandando a definição do que é ou não democrático, daquilo que se pode ou não dizer – pontuou.
O jurista evidenciou a gravidade do momento que o Brasil enfrenta no tocante ao cerceamento das liberdades e violações claras à democracia.
– No Brasil nós temos a censura, coisa que a democracia jamais deve ter; e nós temos também presos políticos, aqueles que foram presos em função de manifestações. (…) As democracias não toleram esse tipo de comportamento. E, efetivamente, nós estamos vivendo isso – declarou.
Ives citou uma pesquisa do Instituto V-Dem, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, que monitora as democracias em todo o mundo. Quanto ao Brasil, a avaliação que o órgão faz é de que nossa democracia caiu, ou seja, não há mais que se falar em democracia plena, mas relativa, “um momento difícil”.
– (…) Hoje nós estamos vivendo um poder mais forte do que os outros definindo conceitos e a liberdade de expressão, que está sendo atingida. Essa é a razão pela qual o Instituto V-Dem, da Universidade de Gotemburgo, declarou que a democracia no Brasil caiu. Nós estamos numa democracia relativa. É um momento difícil – analisou.
Perseguição: Freiras brasileiras fogem da Nicarágua
Freiras brasileiras da Fraternidade das Pobres de Jesus Cristo deixaram a Nicarágua, nesta segunda-feira (3), por causa da perseguição política do ditador Daniel Ortega e encontraram abrigo em El Salvador.
O grupo realizava trabalho religioso e humanitário na Nicarágua há sete anos, mas passou a sofrer com as decisões do presidente que tem atacado a Igreja Católica.
No domingo (2), policiais invadiram o local onde as freiras viviam. Além disso, a fundação perdeu sua personalidade jurídica e todos os bens foram confiscados pelo governo de Ortega.
A fraternidade nasceu no Brasil e hoje está presente em dezenas de países, atendendo as necessidades básicas dos mais pobres e distribuindo alimentos. O grupo agora fará o trabalho em El Salvador, um país livre que é governado por Nayib Bukele, político de centro-direita.
NOTA OFICIAL DA FRATERNIDADEPaz e bem!Queremos por este meio manifestar nossa gratidão pelos sete anos de missão nas terras da Nicarágua, agradecemos a acolhida da Igreja e do povo durante esse tempo que nosso carisma permaneceu no país servindo os pobres nos seus múltiplos rostos.Como cita nossas fontes “Antes de oferecemos qualquer outra coisa, oferecemos primeiro a nos mesmos: oferecemos-lhe Cristo em nós”.Com isso queremos agradecer a todas as consagradas, leigos, jovens, benfeitores e amigos que construíram conosco a missão e fizeram o possível para levar Cristo aos pobres. Com esses sentimentos informamos que nossas irmãs foram enviadas à missão de El Salvador. Deus abençoe a todos!Att., Instituto das Pobres de Jesus Cristo.
Senado ouvirá venezuelana proibida de concorrer às eleições
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, será ouvida pela Comissão de Segurança Pública do Senado brasileiro. O colegiado aprovou o requerimento de autoria do senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
A oitiva, prevista para agosto, ocorre após Machado ser impedida de concorrer às eleições em seu país como punição da Controladoria-Geral da Venezuela. Ela está proibida de participar do pleito pelos próximos 15 anos.
Entre outros 13 candidatos, María Machado era a principal opositora a Nicolás Maduro nas primárias das eleições marcadas para 2024.
Ao defender o convite à venezuelana, o senador Sergio Moro argumentou que a inteligência da Venezuela têm oprimido a oposição, o que é considerado crime contra a humanidade, segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). O parlamentar lembrou que os problemas no país vizinho trazem consequências para o Brasil.
Após defender Maduro reiteradamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que a Venezuela possui problemas e que pretende buscar saber mais sobre eles conversando com María Machado.
– Em relação à Venezuela, todos os problemas que a gente tiver em democracia, a gente não se esconde deles, a gente enfrenta. Eu não conheço pormenores do problema com a candidata da Venezuela, pretendo conhecer. Temos que conversar. O que não pode é isolar, e levar em conta que apenas os defeitos estão de um lado. Os defeitos são múltiplos. Precisamos conversar com todo mundo – disse o petista, em discurso, ao assumir a presidência pro tempore do Mercosul.