Invasões de terra na gestão Lula já superam 1° ano de Bolsonaro

Em apenas 80 dias de terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o número de invasões coletivas de terra no Brasil já é maior que o registrado durante todo o ano de 2019, o primeiro da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao todo, desde o último dia 1° de janeiro, 13 ocupações já aconteceram no país. Há quatro anos, foram 11 invasões.

As informações são da antiga Ouvidoria Agrária Nacional, ligada ao então Ministério do Desenvolvimento Agrário, e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e constam em uma reportagem publicada pelo portal R7 nesta terça-feira (21).

Quando considerados os quatro anos de Bolsonaro, as invasões de 2023 já somam 21% do total anotado durante a última gestão (62 ocorrências). O atual governo Lula, porém, sequer chegou a 6% do tempo previsto de mandato.

Entre os cinco últimos presidentes, foi Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) quem teve de conviver com o maior número de ocupações durante seu governo (2.442 invasões). O tucano foi seguido por Lula (2003-2010), que em seus dois governos anteriores viu 1.968 invasões serem registradas.

Neste ano, grupos que possuem como bandeira a reforma agrária já realizaram invasões de grande repercussão no país. Em 27 de fevereiro, o MST invadiu três fazendas de eucalipto no sul da Bahia, da empresa de papel e celulose Suzano. Também em fevereiro, durante o carnaval, a Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) ocupou propriedades em ao menos dez cidades.

Neste mês, três líderes da FNL foram presos sob suspeita de extorquir dinheiro de donos de propriedades rurais na região do Pontal do Paranapanema, em São Paulo. José Rainha Júnior e Luciano de Lima foram detidos no dia 4 de março, enquanto Cláudio Ribeiro Passos foi preso no dia 9.

Confira o número de invasões coletivas de terras públicas e particulares registrados sob os governos dos últimos cinco presidentes:

Os dados de 1995 a 2016 são da antiga Ouvidoria Agrária Nacional, ligada ao então Ministério do Desenvolvimento Agrário. As informações de 2017 a 2022 foram extraídas do Sistema de Controle de Tensões e Conflitos Agrários, o CTCA, do Incra.

De 1995 a 2002 (governo de Fernando Henrique Cardoso): 2.442

– 1995: 145
– 1996: 397
– 1997: 455
– 1998: 446
– 1999: 502
– 2000: 236
– 2001: 158
– 2002: 103

De 2003 a 2010 (governo de Luiz Inácio Lula da Silva): 1.968

– 2003: 222
– 2004: 327
– 2005: 221
– 2006: 266
– 2007: 298
– 2008: 234
– 2009: 173
– 2010: 227

De 2011 a 2015 (governo de Dilma Rousseff): 912

– 2011: 200
– 2012: 190
– 2013: 140
– 2014: 200
– 2015: 182

De 2016 a 2018 (governo de Michel Temer): 111

– 2016: 57
– 2017: 40
– 2018: 14

De 2019 a 2022 (governo de Jair Bolsonaro): 62

– 2019: 11
– 2020: 11
– 2021: 17
– 2022: 23

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