Manifestantes furam bloqueio e invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto

Manifestantes que protestavam contra os resultados das eleições de 2022 furaram os bloqueios da segurança e invadiram a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, neste domingo, 8. As sedes dos Três Poderes – Congresso NacionalSupremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto – foram invadidas e depredadas pelos protestantes, que pedem a saída e prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), questionam a segurança das urnas eletrônicas e do chamado “código fonte” do sistema eleitoral e clamam, até mesmo, por uma intervenção militar. Vídeos divulgados nas redes sociais mostram os manifestantes subindo a rampa do Congresso sob gritos de “o Brasil é nosso” e, na sequência, dando início aos atos de vandalismo e destruição dos prédios públicos. “Quebra tudo, gente, quebra tudo”, gritam manifestantes em gravações no plenário do Supremo. Nas imagens, é possível ver gavetas sendo reviradas, papéis sendo picados e espalhados e vidraças quebradas. Toda a faixada do Congresso e da Suprema Corte foi destruída. Um manifestante chegou a retirar a porta do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e levar para fora do prédio. Outro registro mostra pessoas invadindo o plenário do Senado Federal e fazendo parte do local de “escorregador”.

A concentração de manifestantes em Brasília ganhou força nas primeiras horas deste domingo, quando cerca de cem ônibus com protestantes usando bandeiras do Brasil e roupas nas cores verde e amarelo chegaram à capital federal. Inicialmente, os atos nos acampamentos em frente a quartéis acontecia de maneira pacífica, mas a situação perdeu o controle quando os manifestantes desceram para a Esplanada, que estava cercada para a entrada de pedestres. Com o acirramento da situação, as forças de segurança usaram spray de pimenta e gás de efeito moral para tentar impedir a invasão, mas as barreiras foram derrubadas pelos presentes, dando início à invasão do Congresso Nacional e dos demais prédios.

O ministro Flávio Dino, que está na Esplanada, declarou que “essa absurda tentativa de impor a vontade pela força não vai prevalecer”. “O Governo do Distrito Federal afirma que haverá reforços. E as forças de que dispomos estão agindo. Estou na sede do Ministério da Justiça”, escreveu. A Força Nacional, que recebeu autorização do ministro no sábado, 7, para atuar, se necessário, reuniu forças em frente ao prédio do ministério da Justiça. No documento assinado por Dino, foi informado que a utilização dos agente de segurança seria realizado para “auxiliar na proteção da ordem pública e do patrimônio público e privado entre a Rodoviária de Brasília e a Praça dos Três Poderes, assim como na proteção de outros bens da União situadas em Brasília, em caráter episódico e planejada”. Cerca de 400 homens estão disponíveis neste fim de semana em Brasília.

Nas redes sociais, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, repudiou os atos. “Na ação, estão empenhadas as forças de segurança do Distrito Federal, além da Polícia Legislativa do Congresso. Repudio veementemente esses atos antidemocráticos, que devem sofrer o rigor da lei com urgência”, escreveu, acrescentando que “conversei há pouco, por telefone, com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, com quem venho mantendo contato permanente. O governador me informou que está concentrando os esforços de todo o aparato policial no sentido de controlar a situação”, completou. Outros parlamentares também criticaram o episódio, falando em “violação grave” com a democracia e em atos terroristas.

Lula assina decreto de intervenção na segurança do DF

o presidente Lula assinou neste domingo (8) um decreto de intervenção federal na segurança do Distrito Federal.

A medida foi tomada após terroristas bolsonaristas invadirem o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).

A intervenção está prevista para durar até o dia 31 de janeiro.

O interventor vai ser Ricardo Garcia, secretário-executivo do Ministério da Justiça.

“O objetivo da intervenção é pôr termo a grave comprometimento da ordem pública no Estado no Distrito Federal, marcada por atos de violência e invasão a prédios públicos”, diz o decreto lido por Lula.

‘Punição exemplar’

Lula também disse que os terroristas envolvidos no ataque à democracia neste domingo devem ter “punição exemplar”.

“Se houve omissão de alguém do governo federal que facilitou isso, também será punido”, continuou o presidente.

‘Má-fé’ das forças de segurança

Lula também disse que houve “incompetência, má-fé ou maldade” das forças de segurança do Distrito Federal.

“Houve eu diria, incompetência, má vontade ou má-fé das pessoas que cuidam da segurança pública do DF. Não é a primeira vez. Vocês vão ver nas imagens que eles [policiais] estão guiando as pessoas na caminhada até a praça dos Três Poderes”, disse o presidente.

“Esses policiais que participaram disso não poderão ficar impunes e não poderão participar da corporação porque não são de confiança da sociedade brasileira”, completou Lula.

Bolsonaro se manifesta sobre atos no DF e repudia fala de Lula

Na noite deste domingo (8), o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), se manifestou a respeito dos protestos que ocorreram em Brasília. Ele se pronunciou por meio das redes sociais.

Bolsonaro destacou que ao longo de seu mandato sempre esteve dentro das quatro linhas da Constituição respeitando e defendendo as leis.

– Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra. Ao longo do meu mandato, sempre estive dentro das quatro linhas da Constituição respeitando e defendendo as leis, a democracia, a transparência e a nossa sagrada liberdade.

Ele repudiou as acusações de Lula (PT).

– No mais, repudio as acusações, sem provas, a mim atribuídas por parte do atual chefe do executivo do Brasil.

Lula assinou, na tarde deste domingo, uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que prevê o uso das Forças Armadas, para deter as ações extremistas de manifestantes contrários ao processo eleitoral que o elegeu. O decreto foi publicado no Diário Oficial da União (DOU).

No momento do anúncio, Lula atacou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o chamando de genocida e culpou o governo do Distrito Federal de “incompetência, má vontade ou má-fé” na gestão da segurança pública diante dos atos.

Tarcísio de Freitas sobre atos no DF: ‘Não admitiremos isso em SP’

Neste domingo (8), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), usou as redes sociais para repudiar as ações de grupos radicais em Brasília. Segundo ele, “manifestantes perdem a legitimidade e a razão a partir do momento em que há violência nos atos”.

O novo chefe do Executivo paulista assegurou que cenas como as vistas no Distrito Federal não serão admitidas no estado que governa.

– Não admitiremos isso em SP – declarou.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, também repudiou as invasões aos prédios públicos e afirmou que nada justifica “brutal ação”.

E acrescentou:

– Precisamos pacificar, respeitar manifestações desde que não ultrapassem o limite constitucional.

Nunes foi para a sede da Prefeitura na tarde deste domingo e ordenou reforço na segurança do prédio, que fica na área central da cidade.

MANIFESTAÇÃO EM SÃO PAULO
Durante o período da tarde deste domingo, um grupo de manifestantes paralisou a Avenida 23 de Maio, no sentido centro, na altura no Parque Ibirapuera.

Eles se opõem à eleição democrática do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e pedem intervenção militar.

A manifestação começou por volta das 15h26, nas proximidades do Parque do Ibirapuera, e durou aproximadamente uma hora e meia com bloqueios da via pública. Os atos foram acompanhados por fiscais de trânsito e agentes do policiamento local, e os integrantes se dirigiram à Avenida Sargento Mário Kozel Filho, próximo ao quartel da 2ª Região Militar do Exército e à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), por volta das 16h50.

FÓRUM NACIONAL DE GOVERNADORES
Os chefes dos Executivos estaduais informaram, por meio de nota divulgada pelo Fórum Nacional de Governadores, que colocaram forças militares dos estados à disposição para atuar em Brasília contra as invasões do Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto.

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