Medo de perder o emprego recua para o mesmo nível do fim de 2019
Pesquisa da CNI cita medidas de proteção do trabalho como principal fator para a confiança do brasileiro; receio é maior entre mulheres, nordestinos e trabalhadores que recebem até um salário mínimo.
O receio do brasileiro de perder o emprego recuou ao mesmo nível registrado no fim de 2019. Segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada nesta quarta-feira, 14, o indicador que mede o medo do desemprego chegou a 55 pontos em setembro, 1,1 ponto a menos na comparação com dezembro do ano passado, e recuo de 3,1 pontos nos últimos 12 meses. A pesquisa trimestral não foi realizada em abril e junho deste ano por conta das medidas de isolamento social impostas pelo novo coronavírus. “Apesar dos graves impactos da pandemia de Covid-19 sobre a economia brasileira, a partir do final do primeiro trimestre de 2020, as medidas de proteção do emprego adotadas no período contribuíram para conter o desemprego e aumentar a segurança no emprego”, cita o levantamento. Nesta terça-feira, 13, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) prorrogou por dois meses o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm), que permite a renegociação de contratos e corte de jornada e salário. O pagamento do auxílio emergencial e a retomada gradual das atividades econômicas também contribuíram para o recuo do índice, indica a pesquisa.
A taxa de desemprego no Brasil subiu para 13,8% no trimestre encerrado em julho, a mais alta da série histórica iniciada em 2012, e atinge 13,1 milhões de pessoas, apontou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados em setembro. Segundo o levantamento da CNI, as mulheres têm mais medo do desemprego que os homens, com índice de 62,4 pontos e 46,8, respectivamente. As pessoas mais jovens também possuem mais receio de ficarem sem emprego. Para a faixa etária entre 16 e 24 anos, o indicador é de 57,9 pontos, enquanto para a população com mais de 55 anos é de 48,9 pontos. Quem recebe um salário mínimo também tem mais receio, com 65 pontos, enquanto a população com renda familiar acima de cinco salários mínimos registrou 42,2 pontos. Entre as regiões, o medo é maior no Nordeste, com 61,2 pontos, enquanto nos estados do Sul o temor é o menos expressivo, com 43 pontos. O levantamento também aponta que pessoas que estudaram até a 4ª série do ensino fundamental possuem mais receio, com 59,2 pontos, enquanto quem possui o ensino superior registrou 50,1 pontos. A despeito da redução como um todo, o medo de ficar sem trabalho aumentou entre dezembro de 2019 e setembro deste ano para as pessoas com faixa etária entre 25 e 54 anos, com ensino superior, e os que possuem renda familiar acima de cinco salários mínimos.
A mesma pesquisa revelou que a satisfação com a vida teve um leve crescimento em setembro, de 68,5, ante 68,3 em dezembro de 2019. O índice, porém, é menor do que os 69 pontos registrados há 12 meses. O índice teve recuo maior entre as mulheres, na faixa dos 24 aos 35 anos, com instrução até a 4ª série do ensino fundamental e que recebem de um a dois salários mínimos. O levantamento da CNI foi feito entre os dias 17 a 20 de setembro, e realizou duas mil entrevistas em 127 municípios.