5G será internet até 100 vezes mais rápida sem aumento de tarifa para o cliente, diz Fábio Faria
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) realiza nesta quinta-feira, 4, o leilão do 5G no Brasil, que deverá render até R$ 50 bilhões aos cofres públicos. Em entrevista ao vivo para o Jornal da Manhã, o ministro das comunicações, Fábio Faria, comentou o feito, que coloca o Brasil numa posição de destaque na América Latina, e destacou as mudanças que devem ocorrer na rede pública de internet do país. Segundo ele, o 5G será até 100 vezes mais rápido que o 4G e não terá nenhum custo adicional para o consumidor final. “Eu tenho a total certeza que não teremos aumento de tarifa para o cliente. Pelo contrário, nós teremos internet com até 100 vezes mais velocidade, com latência baixa, nós teremos a telemedicina, teremos um benefício enorme na segurança, na educação, enfim, o país vai ficar hoje competitivo em relação aos outros players. Nós estávamos para trás na economia digital. Agora, seremos o primeiro país da América Latina a implantar o 5G. E eu tenho certeza que nós teremos muito a colher nos próximos anos após esse dia de hoje”, afirmou Faria.
“A gente viajou nove países e, onde tem o 5G funcionando, não teve nenhum aumento para o consumidor final, zero. Até porque o grande público alvo do 4G eram as pessoas, ele conectava as pessoas, eram os serviços que nós fazemos hoje com o 4G, que eles ganharam dinheiro com isso, o WhatsApp, o Facetime, os serviços de delivery, tudo isso a gente utiliza só porque nós temos a ferramenta 4G. Já o 5G ele vai ter muito benefício para a indústria e todo o setor produtivo. Então terão outros clientes que irão adquirir o 5G, várias empresas farão, suas redes privativas, fazendas, lavouras do agronegócio, mineradoras, portos, aeroportos”, explicou o ministro.
Segundo Fábio Faria, o maior leilão já realizado pela Telecom começa hoje, mas deverá durar até esta sexta-feira, 5, por causa da grande quantidade de lotes em negociação e também de empresas interessadas nas negociações. “Nós teremos 15 grupos que fizeram propostas, são 118 lotes, então provavelmente o leilão durará até amanhã de manhã devido à quantidade de lotes que nós iremos colocar à disposição para as empresas comprarem, as telecoms, e, no dia seguinte, elas já podem começar a instalação. Nós colocamos um cronograma, e as 27 capitais, até julho do ano que vem, terão o 5G já funcionando. Algumas cidades Do interior também podem começar logo. Eu tenho certeza que, no dia seguinte, por exemplo, em São Paulo, aqui em Brasília, a empresa que ganhar vai ter um número mínimo para colocar antenas, mas eu tenho certeza que elas, em praças maiores, vão colocar muito mais do que nós colocamos no nosso edital. Estamos esperando em torno de R$ 40 bilhões de investimentos e R$ 50 bilhões no total. Estamos falando em resolver todo o sistema, todo a relação que nós precisamos para levar internet para os 40 milhões de brasileiros. O ecossistema estará todo resolvido após esses anos com o dinheiro que vai entrar com o leilão do 5G”, pontuou Faria.
Segundo ele, as capitais já estão preparadas para receber a nova tecnologia, principalmente porque ela exige muito menos recursos para ser implementada, como antenas menores, além da possibilidade de utilizar a fibra ótica já existente em todo o país. “O problema que nós temos é só onde tem parabólica, então, provavelmente, as empresas irão optar por locais onde não têm parabólica para começar a sua instalação. A gente vai ter um prazo para que se retire as parabólicas, que é até o meio do ano que vem, mas eu acredito que todas as capitais terão espaço suficiente para que elas possam cumprir o cronograma se quiserem entregar o mais rápido possível”, comentou.
Rede privativa e segurança de dados
O ministro ainda destacou possibilidade do 5G na segurança, como o fato de ser possível criar uma rede privativa para o governo federal, por onde informações sensíveis deverão circular. “Nós teremos algumas restrições, por exemplo, nós fizemos uma rede privativa de governo, e tudo que o Presidente da República considera sensível vai estar dentro dessa rede privada. As Forças Armadas, os ministérios, Banco Central, Supremo Tribunal Federal, o Ministério Público, a Petrobras. Dentro dessa rede privativa nós colocamos várias especificações que nem todas as empresas poderão fornecer para essa rede privativa. Por causa do acesso a dados sensíveis de governo. Isso aconteceu no Japão, nos Estados Unidos, na Alemanha, vários países que estão fazendo leilão estão separando a rede pública da privada. Eu acredito que isso faz com que a gente tenha uma confiança maior, mais uma tranquilidade. Se tiver algum tipo de vazamento, algum hacker entrar, a gente vai cobrar de uma empresa e não de cinco, sem saber quem foi que foi responsável pelo vazamento. Isso tudo está garantido. Eu diria que a construção da rede privativa foi a saída geopolítica que nós tivemos para termos hoje a realização do leilão”, declarou Faria.
Ele ainda destacou que a criação da rede privativa para o governo federal foi a possibilidade encontrada para diminuir riscos da entrada de espiões nas informações da União. “Hoje, tudo precisa de chip, um carro, celular, nosso notebook, virou uma guerra, uma febre mundial. É a disputa por chips. Em cada componente, a distância entre um e outro componente, é como se cortasse um cabelo em 10 mil pedaços, é a distância entre cada componente. Então não há como saber se ali dentro há um backdoor, um componente espião. Fomos nas secretarias principais, nos ministérios principais, e todos falaram a mesma coisa. Não tem como a gente saber se alguma tecnologia vem com um componente espião ou não. A gente pode diluir isso, tirar o risco da frente, como eu falei, criando a rede privativa. Nós teremos um fornecedor, provavelmente de país que não terá nenhum interesse no Brasil nos 10 dez anos, que é o tempo que dura a tecnologia. Com isso, a gente garante uma tranquilidade maior, mas ninguém hoje no mundo consegue garantir que você não vai ser hackeado. Os hackers já entraram no Facebook, no Instagram, na Nasa, no governo americano, não tem como a gente impedir isso, a gente tem que diminuir riscos”. afirmou.
O ministro das Comunicações encerrou a entrevista destacando acreditar que a entrada do 5G no Brasil é um grande marco do governo federal e que fará o país avançar muito em tecnologias: “Eu tenho certeza que nós teremos um uma tecnologia de ponta e que o Brasil vai crescer muito nos próximos anos, no nosso agronegócio, no nosso PIB, e que foi um grande marco do governo Bolsonaro, um grande legado a entrega do 5G, no meio duma pandemia era praticamente impossível ter essa realização desse leilão. Foram 15 meses de muito trabalho para colocar de pé. Eu acredito que nós sairemos vitoriosos”.